sábado, 16 de setembro de 2017

As prostitutas na História. Patrícia Pereira. «Sólon, que governou Atenas na virada do século VI a. C., foi o principal deles, tendo institucionalizado os papéis das mulheres na sociedade grega»

Cortesia de wikipedia e jdact

As primeiras prostitutas da história. Demóstenes
«(…) A autora explica que a forma patriarcal de casamento, em que o marido literalmente é dono da esposa e dos filhos, aprofundou mais ainda o abismo entre a esposa e a prostituta, na medida em que as instituições religiosas e políticas masculinas foram crescendo. Ao mesmo tempo, as leis que cercavam as prostitutas e o seu trabalho tornaram- se mais opressivas, conta Nickie. Segundo ela, durante toda a história da Mesopotâmia e do Egipto, o sexo era ainda considerado sagrado e, apesar das leis, não havia uma moralidade puritana a estigmatizar as mulheres que se sustentavam vendendo sexo.
A Suméria criou a segregação feminina ao colocar em lados opostos a esposa obediente e a prostituta má. Júlio Gralha, lembra que a visão sobre as prostitutas da época é pouco documentada de forma escrita, mas pode ser inferida pelas imagens das iconografias. Pela análise da iconografia, a prostituta existia no Egipto e actuava de forma remunerada. Há contos iconográficos, cómicos, em que a prostituta é vista como poderosa, o homem não aguenta. Como aparecem o colar e outros símbolos ligados à deusa, elas são vistas como protegidas. A prostituição não era algo repulsivo ou condenado pela religião.

Um negócio organizado na Grécia
Com o passar do tempo, a independência sexual e económica da prostituta tornou-se uma ameaça à autoridade patriarcal. Por isso, a religião da deusa foi combatida pelos sacerdotes hebreus e, aos poucos, suprimida. Os rituais sexuais viraram pecados graves e as sacerdotisas, pecadoras. As principais religiões patriarcais que se seguiram, o cristianismo e o islamismo, reconheceram o impacto devastador do estigma da prostituta na divisão e regulamentação das mulheres. A Grécia antiga foi uma típica sociedade patriarcal. As mulheres não podiam participar da vida política e social. No entanto, como aconteceu a todas as sociedades antigas, os primeiros habitantes da Grécia foram povos adoradores da deusa, afirma Nickie. Os deuses masculinos só vieram mais tarde, por volta de 2.000 a.C., com os invasores indo-europeus. As duas culturas fundiram-se e produziram o híbrido que chegou até nós. Basta lembrar que Zeus, divindade suprema indo-europeia, casou-se com Hera, poderosa deusa sobrevivente do culto anterior. A negação total do poder da mulher na sociedade grega é decorrente do governo de uma série de ditadores homens. Sólon, que governou Atenas na virada do século VI a. C., foi o principal deles, tendo institucionalizado os papéis das mulheres na sociedade grega. Passaram a existir as boas mulheres, submissas, e as outras.

Símbolos às avessas
Maria Madalena, famosa prostituta arrependida da Galileia, representa que, para ser salva, a mulher precisa abandonar a profissão. Conhecida como a ex-prostituta da Galileia, Maria Madalena foi uma das mais fiéis seguidoras de Jesus Cristo. De acordo com a Bíblia, ela estava presente na sua crucificação e no seu funeral. Foi ela quem encontrou vazio o túmulo de Jesus, ouviu de um anjo que ele havia ressuscitado e foi dar a notícia aos apóstolos. Segurando duvidosamente um crucifixo, o quadro Madalena penitente, de Francesco Hayez (1825), mostra Maria Madalena fugindo da morte e culpada, por intermédio da religião». In Patrícia Pereira, As prostitutas na História, Jacques Rossiaud, A Prostituição na Idade Média, 1991, Margareth Rago, Os Prazeres da Noite, 2008, Revista Leituras da História, wikipédia, 2009.

Cortesia de RLKdaHistória/JDACT