sexta-feira, 14 de abril de 2017

Pedro Fernandes Queirós ou Pedro Fernández Quirós (1565-615). Ilídio Amaral. «Isabel Barreto casou com Fernando Castro, sobrinho do governador Luis Perez Mariñas, que, como era hábito, tomou conta de tudo o que pertencia à esposa»

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Viagens e descobertas de ilhas no Sul do Pacífico a mando da Coroa Espanhola, em tempos da decadência do seu Império
«(…) A sua viúva, Isabel Barreto, que viajara com ele, tendo assumido a chefia da expedição, acabou por concordar que não havia condições para prosseguir na ilha e a 18 de Novembro a frota deixou a baía Graciosa rumando para as Filipinas Na viagem perderam-se barcos e vidas tragados pelo mar, incluindo a fragata que transportava o esquife com o corpo do marido, que Isabel Barreto fizera desenterrar, e apenas uma nau, a São Jerónimo, chegou a Manila no dia 11 de Fevereiro de 1596, em muito mau estado. Tal como da primeira viagem nada foi trazido com valor económico que ao menos pudesse compensar uma parte dos gastos elevados da expedição. Além de um breve relato de Queirós sobre a expedição de Mendaña, numa carta que ele dirigiu a Antonio Morga Sanchez Garay (1559-1636), governador das Filipinas e por este publicada na sua obra Sucesos de las islas Filipinas,1609, 2 volumes, com edição mais recente de 2010, há a notícia mais extensa produzida por Christoval (ou Cristóbal) Suarez Figueroa (1571-c.1644) em Hechos de don Garcia Hurtado Mendoza, marques de Cañete, 1613, com edição mais recente de 2006. Algum tempo depois de chegados a Manila, Isabel Barreto casou com Fernando Castro, sobrinho do governador Luis Perez Mariñas (no cargo entre Dezembro de 1593 e Julho de 1596), que, como era hábito, tomou conta de tudo o que pertencia à esposa.
Pedro Fernandes Queirós conseguiria embarcar num navio para Acapulco onde desembarcou a 11 de Dezembro de 1597 e, em navios de cabotagem e por terra, chegou a Lima no dia 5 de Junho de 1598, sendo bem recebido pelo Vice-Rei a quem relatou os descobrimentos de ilhas e os acontecimentos da viagem em que participara e solicitou meios, sobretudo um navio de 60 toneladas e 40 marinheiros para descobrir novas terras que havia de achar naqueles mares. O Vice-Rei, perante a grandiosidade do projecto e dos seus valiosos encargos financeiros, preferiu responder que não tinha delegação real para satisfazer tal pedido e aconselhou-o a viajar até Madrid para, junto do Rei, obter o que necessitava, dando-lhe cartas de recomendação para várias personalidades do Reino. Queirós, partiu de Callao a 17 de Abril do ano seguinte, por via marítima, até ao Panamá, daqui por terra a Puerto-belo, novamente por mar até Cartagena, depois Habana, e num combóio de barcos carregados de prata fez a travessia do Atlântico, para chegar a Sanlúcar a 25 de Fevereiro de 1600, um dia assinalado com con estruendo de artilleria y música de instrumentos. De Sanlúcar foi para Sevilha.
Queirós encontrou o Reino em grave crise económica e social. Entre 1580 e 1600, o império gigantesco de Filipe II (falecido em 1598, sendo rei de Espanha e Portugal desde 1580), herdado, em grande parte, de seu pai o imperador Carlos V do Sacro Império Romano-Germano, rei Carlos I de Castela, na península Ibérica juntava ainda Aragão, Catalunha, Navarra, Valência e Portugal; fora dela, na Europa, Rossilhão, Franco-Condado, Países Baixos, Sicília, Sardenha, Milão e Nápoles; na Africa, Orão, Tunes e as possessões portuguesas; no Oriente, o império português; nas Américas, todas as partes então descobertas; e no Pacífico, as Filipinas e outras ilhas. Se o império de Carlos V, visto por muitos como um império universal era, ao-fim e ao-cabo, um império europeu que tinha uma extensão americana cada vez mais importante, o do seu filho adquire características de um império genuinamente transcontinental e transoceânico». In Ilídio Amaral, Pedro Fernandes de Queirós ou Pedro Fernández de Quirós (1565-615), o Descobridor de ilhas, o Visionário de um continente cheio de riquezas […]), Edições Colibri, Lisboa, 2014, ISBN 978-989-689-446-7.

Cortesia de EColibri/JDACT