quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A Alquimia. Roney Ressetti. «… a maneira como o mercúrio pode ser assim impregnado foi mantida em segredo por aqueles que sabiam, e constitui provavelmente um acesso para qualquer coisa de mais nobre que a fabricação do ouro…»

Cortesia de wikipedia

«A ciência alquímica não se ensina; cada qual deve aprendê-la por si mesmo, não de modo especulativo, mas sim com a ajuda dum perseverante trabalho, multiplicando os ensaios e as tentativas, de maneira a submeter sempre as produções do pensamento à verificação da experiência. Aquele que teme o labor manual, o calor dos fornos, a poeira do carvão, o perigo das reacções desconhecidas e a insónia das longas vigílias esse nunca saberá coisa alguma». In Fulcanelli

«Já se escreveu muito sobre a Alquimia e quase todo o mundo já ouviu falar sobre ela. Apesar disso, poucos possuem uma ideia exacta do que ela seja. Os mais bem informados sabem que ela se relaciona com a obtenção da Pedra Filosofal, que transformaria os metais em ouro (transmutação), e com a elaboração do Elixir da Longa Vida ou Panacéia Universal, que curaria todas as doenças e prolongaria a vida. A Alquimia é uma ciência antiga e tradicional, de grande repercussão na Idade Média e Renascença, tendo chegado até aos nossos dias. É costume colocá-la junto às denominadas ciências ocultas ou esotéricas, como a Magia, porém, ao contrário do que comumente se imagina, ela não se baseia em fórmulas mágicas, nem em encantamentos, nem na invocação de espíritos ou de entidades sobrenaturais. A Alquimia é uma ciência baseada no conhecimento elaborado através da experimentação e do trabalho acumulado por centenas de anos, por inúmeras gerações de investigadores. As suas práticas envolvem trabalhos de laboratório e o manuseio de substâncias, empregando técnicas e equipamentos relativamente sofisticados.
Grande parte das substâncias, das técnicas e dos equipamentos empregados actualmente pelos químicos, foram descobertos e desenvolvidos pelos alquimistas. Como toda a ciência tradicional e antiga, a Alquimia apresenta um carácter filosófico-metafísico marcante, presente nas suas teorias, na sua simbologia e no seu linguajar, bastante ricos e complexos. Os temas tratados pela Alquimia, a sua linguagem alegórica e o seu simbolismo, têm fascinado diversos investigadores. O psicólogo Carl Jung dedicou grande parte da sua obra ao estudo e à interpretação psicológica dos símbolos e alegorias alquímicas. Isaac Newton, dava mais importância às suas experiências alquímicas do que aos seus trabalhos de Matemática e de Física que o tornaram famoso. O seu sobrinho Humphrey Newton escreveu: durante seis semanas na Primavera e seis semanas no Outono, o fogo no laboratório dificilmente se extinguia..., ele costumava, às vezes, examinar um velho livro bolorento que estava no seu laboratório; penso que se chamava Agricola de Metallis, sendo o seu principal desígnio a transmutação dos metais... Newton acreditava na existência de uma cadeia de iniciados que se alastrava no tempo até uma antiguidade muito remota, os quais conheciam os segredos da transmutação e da síntese do ouro.
Encontramos em seus escritos: a maneira como o mercúrio pode ser assim impregnado foi mantida em segredo por aqueles que sabiam, e constitui provavelmente um acesso para qualquer coisa de mais nobre que a fabricação do ouro e que não pode ser comunicada sem que o mundo corra um grande perigo, caso os escritos de Hermes digam a verdade. Existem outros grandes mistérios além da transmutação dos metais. Newton também costumava afirmar: se vi mais longe do que os outros, foi porque me apoiei nos ombros de gigantes. Determinados autores acham que tais gigantes seriam os iniciados, que Newton deveria ter conhecido pessoalmente. Alguns investigadores consideram que a Alquimia surgiu dos restos do saber de uma civilização muito antiga e bastante evoluída. Frédéric Soddy, autor da Lei de Soddy sobre a desintegração radioactiva, prémio Nobel de Química, escreveu no seu livro L’interprétation du radium: penso que existiram no passado civilizações que tiveram conhecimento da energia do átomo e que uma má aplicação dessa energia as destruiu totalmente.

A Alquimia e a Química
Considera-se que a Química se originou da evolução da Alquimia. Porém, na verdade, a Química se originou da evolução da Espagíria, a Química Medieval. A Espagíria era uma mistura da Alquimia com os diversos processos químicos empíricos, desenvolvidos desde a antiguidade, abrangendo a confecção de medicamentos, tinturas, bebidas, sabão, vidro, técnicas metalúrgicas, etc. incorporando elementos de magia e de astrologia. Com outras disciplinas, como a Física, ocorreu uma evolução gradativa. Da Física Antiga, de Aristóteles, passamos para a Física Clássica, de Galileu, Kepler e Newton, e finalmente, para a Física Moderna, de Einstein e outros. Inclusive o próprio nome se manteve; Physica, em latim, e Physike, em grego, cuja origem é physis, natureza. A Química é a mais recente das Ciências Naturais. A Matemática e a Física existiam há séculos antes de Cristo, enquanto que a Química, apesar de já ser praticada empiricamente desde a antiguidade, só se consolida como Ciência no século XVII». In Roney Ressetti, A Alquimia, ePub, Wikipedia.

Cortesia de Wikipedia/JDACT