sexta-feira, 10 de julho de 2015

Cristóvão Colombo na Madeira. Rebecca Katz. «… este documento, conhecido como o documento Asseretto, foi descoberto em 1904 por Hugo Asseretto e é declarado com justiça, o subsídio basilar para o estudo da vida de Cristóvão Colombo»

Cortesia de wikipedia

«(…) Destes protestos lavrou-se o respectivo registo no notário Gerolamo Ventimiglia de Génova, a 21 de Agosto de 1479, estando presente ao acto o próprio Cristóvão Colombo, como testemunha e parte. Nesse documento Colombo declarou que era cidadão de Génova, que tinha ao redor de 27 anos de idade, que tinha na sua pessoa 100 florins, e expressou a sua intenção de regressar a Lisboa no dia seguinte.
Este documento, conhecido como o documento Asseretto, foi descoberto em 1904 por Hugo Asseretto e é declarado com justiça, o subsídio basilar para o estudo da vida de Cristóvão Colombo. Encontra-se em Génova entre as Actas Notarias do Governo de Génova, anos de 1474 a 1779.
A segunda ligação de Colombo com a Madeira resulta do seu casamento com dona Felipa Moniz de Perestrelo. Parece estranho, mas nunca se encontrou o assento deste casamento nem o do nascimento do filho do casal. Quase tudo o que sabemos deste casamento provem dos livros dos principais biógrafos de Colombo, entre eles, Fernando Colombo ou Colon, o filho mais novo do navegador, e Bartolome de las Casas, o seu amigo e grande admirador, e bispo de Chiapas. O original da obra de Fernando Colombo, escrito em espanhol antes de 1537, já que foi este o ano da sua morte, desapareceu, tendo-nos aquela chegada apenas através da tradução italiana que, por determinação de Luis Colombo, seu sobrinho, Afonso de Ulloa fez e em 1571 publicou em Veneza com o que deve ser o mais largo titulo jamais escolhido por um livro. Chama-se Historie del signor don Fernando Colombo nelle quale s'ha particolare e vera relatione della vita, e de fatti dell Amiraglio D. Christoforo Colombo, su padre, et dello scoprimento ch' egli fece dell'indie occidentali delle mondo nuovo hora possedute del sereniss. Re Catolico. Hoje o livro é conhecido simplesmente pelo breve título de Historie. Sucederam-se as edições da obra e ainda em 1867 se publicou em Londres uma nova edição desta versão italiana. Em 1749 foi o livro vertido para espanhol por Gonzalez Barcia, que o incluiu na sua obra Historiadores primitivos de las Indias Occidentales, com o titulo de La historia de D. Cristobal Colon, que compuso en castellano D. Fernando Colon, su hijo, y traduxo en toscano Alfonso de Ulloa, vuelta a traducir en castellano, por non parecer el original.
A obra de Fray Bartolome de las Casas, bispo de Chiapas, em grande parte consagrada a Cristóvão Colombo, chama-se Historia de las Indias e foi começada a escrever em 1552, quando o seu autor tinha já 78 anos, e concluída em 1561 ou 1562, cinco anos antes da sua morte.
Muito discutido tem sido o valor destas duas obras, pelas muitas contradições que nelas se encontram, embora Las Casas se tenha inspirado em Fernando Colombo. A autenticidade da autoria das Historie de Fernando Colombo tem mesmo sido posta em dúvida. Henry Harisse, o celebre colombista norte-americano, embora nascido em Paris, publicou em Sevilha, em 1871, uma obra intitulada Don Fernando Colon, historiador de su padre, onde mostra as falsidades, contradições, anacronismos e outras deficiências e erros palmares, que custa a crer pudessem ter sido escritos pelo culto filho de Cristóvão Colombo. Daí veio para muitos a suposição de ter o tradutor, Afonso de Ulloa, alterado, ou mesmo falsificado, o escrito original de Fernando Colombo no sentido de convencer que o famoso navegador era italiano. Em 1876, ou seja cinco anos depois do aparecimento da referida obra de Harisse, e porém publicada pela primeira vez a Historia de las Indias de Las Casas, e verifica-se então que este, em numerosas passagens, quase se limitou a copiar as Historie de Fernando Colombo. Ora, como Las Casas acabou de escrever o seu trabalho o mais tardar em 1562 e as Historie de Fernando foram pela primeira vez publicadas em 1571, concluiu-se que ele pode consultar o original desta obra, assim ficando, ipso-facto, abonada a honestidade do tradutor. Os detractores das Historie estendem então as suas acerbas críticas já não só ao tradutor mas também a Fernando Colombo, que acusaram de falsificar a biografia de seu pai com o intuito de o engrandecer». In Rebecca Katz, Christopher Columbus and the Portuguese, 1476-1498, Greenwood Press, USA, 1993, ISBN 0313288674, Cristóvão Colombo na Madeira, muweb.millersville.edu/columbus/data/spc/CATZ-03P.SPK, Paulo Campos, Arquivo Histórico, Madeira, 2009.

Cortesia de PCampos/JDACT