terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Poesia. Samuel Dimas. Jazz. «Acontece os rios nascerem da terra! Acontece haver terras que nascem de rios e que a eles ficam ligadas, para sempre! Aconteceu a esta terra, enraizar-se nas margens do seu rio…»

Cortesia de wikipedia

Razão mistérica
a Leonardo Coimbra, filósofo do Mistério

«Os poemas dão a forma exacta
da alegria criadora da Origem
e os argumentos dão a presença vaga
da dor redentora da existência,
só na exuberância inventiva e imaculada
da graça
se reúnem em excelsa comunhão
o mundo espiritual e o mundo material
dessa babel de palavras.
Poesia e filosofia encontram-se
na tarefa sublime
de procurar o coração da realidade
e do alto da montanha
que o esforço reflexivo permitiu escalar
um rasto de luz espiritual
inunda a vida.
Calam-se as vozes intolerantes
da crítica e da ambição
e as almas
encantadas pela presença do Mistério
apontam para o destino glorioso do Paraíso.
Trata-se da audaciosa e humilde
preparação para o voo abismal da Morte
em que o brilho das flores é mais vivo e forte
e o cheiro do bosque mais intenso.
Na poesia
damos o salto imprudente
da alteridade imanente
das relações precárias e dolorosas
para a alteridade transcendente
das relações eternas e felizes.
A harmonia do Universo
conquista-se na liberdade criativa
da águia e do condor
e não na necessidade cronológica
da vida biológica e do movimento astral,
Porque as flores silvestres
que nascem dessa ordem natural
nunca sabem de que terra são
e de que cor se faz o festim
com os pássaros».
Poema de Samuel Dimas, in ‘Nova Águia


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