quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Música. Poesia. Crato. «Para um amigo tenho sempre um relógio esquecido em qualquer fundo de algibeira. Mas esse relógio não marca o tempo inútil. É um arco íris de sombra, quente e trémulo. É um copo de vinho com o meu sangue e o sol»

Cortesia de wikipedia e jdact


Sílabas
«Sílabas.
O álcool de Dezembro é frio e rouco.
O cigarro amarga. É um cigarro clínico.
Sílabas.
Com sílabas se fazem versos.

O tampo da mesa é liso.
Uma colher é uma forma complexa
familiar e deliciosa.
Um corpo é nítido
como um criado sem servilismo.
Uma mulher condensa-se
no olhar do poeta.
Um corpo. Duas sílabas.
O dinheiro à justa. A gola da gabardina
para tapar a nuca
e os ouvidos.
Sílabas».


JDACT