sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Lágrimas de Ametista. Maria Mar Carvalho. «Olha o sonho encantado, o coelho que salta do chapéu, e o arco-íris que com o seu manto me transporta desta terra ao céu! Olha o carrossel em debandada, cavalos à solta, fugindo da manada, olha o fogo como rói a floresta…»

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Adeus
«Se partes não sei.
Mas ficas aqui.
Teu nome escrito
no vento,
no verde doce dos pinheiros,
no céu azul e quente,
no luar prateado.
A vida celebra teu nome.
Teu nome...
Amor...Sonho...Saudade...
Partes.
A vida é uma mola em hélice.
E o eco do tempo repete teu nome...
Teu nome...Saudade...»

Delírio
«Não quero estar só!
Vem comigo ver o túnel das estrelas.
Vem ver como sorri o amanhã.
Vê como dançam as flores
e como bailam
as belas borboletas de mil cores!
Olha o sonho encantado,
o coelho que salta do chapéu,
e o arco-íris que com o seu manto
me transporta desta terra ao céu!
Olha o carrossel em debandada,
cavalos à solta, fugindo da manada,
olha o fogo como rói a floresta,
e a água que, saltando, vai
com ele dançar uma canção de festa!
E, juntos celebram as bodas do amor!
E olha a lua, que em corrida louca
amou o sol com todo o seu ardor!
Corre depressa! Corre para mim!
Não deixes esse sonho se acabar!
Aí, então, apagam-se as estrelas,
o sol e a lua deixam de brilhar,
as borboletas, coitadinhas, fogem,
o chapéu do mágico deixa de actuar!
E então o fogo, qual banal fogueira,
sem se importar do carrossel que gira,
consome, bruto, violento, cego,
o meu belo cavalinho de madeira!»
Poemas de Maria Mar de Carvalho, in ‘Lágrimas de Ametista


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