domingo, 6 de julho de 2014

Intervenção. Juventude / Adulto. Esperança. «Vida que às costas me levas porque não dás um corpo às tuas trevas? Porque não dás um som àquela voz que quer rasgar o teu silêncio em nós? Porque não dás à pálpebra que pede aquele olhar que em ti se perde? Porque não dás vestidos à nudez que só tu vês?»

jdact e cortesia de roquegameiro


«Pássaro breve
rompendo a chuva caída
na minha melancolia.
Ave voando
na chuva que vai caindo
em mim sem cair no dia.
Pássaro leve
cantando o sol que amanhece
Na noite que me entristece».


«Hoje quero com a violência da dádiva interdita.
Sem lírios e sem lagos
e sem gesto vago
desprendido da mão que um sonho agita.
Existe a seiva. Existe o instinto. E existe eu
suspensa de mundos cintilantes pelas veias
metade fêmea metade mar como as sereias».


«Baile de corpos intermédios
com luas mortas nos braços
sem desenlace e sem consequência.
Dança da solidão de mim e de outros
comigo no centro ignorada.
Bailado das palavras
com suportes de morte imediata.
Rio sem águas e sem fundo
com margem numa boca emudecida.
Silvo de serpentes que rastejam
famintas para o vértice da vida
onde me aparto de cansaços inúteis».


JDACT