sábado, 26 de julho de 2014

Ensaios. Anticrítico. José Blanc Portugal. «Eis a razão porque se confunde muitas vezes método com ciência. Ciências como a Teologia ou a Filosofia, são evidentemente incluídas na política. Deve notar-se que até certo ponto a Filosofia não passa dum método da Teologia»

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Bases para toda a Interpretação e em especial para a Interpretação da Poesia
«(…) Por outro lado é preciso ver que o conjunto da política exerce influência sobre o conjunto da geologia e reciprocamente. Isto só se pode compreender se houver um paralelismo entre os dois conjuntos; isto é, se eles tiverem a mesma medida. Nesse caso, antecipemos a demonstração de que a única influência possível é a que se dá entre seres análogos o que não exclui os opostos, é evidente que se não devem de forma alguma extremar campos. Não há uma fronteira entre eles, antes cada ponto dum campo coincide com outro do segundo e reciprocamente. Nisto se cifra o método analógico que é o método mágico e por isso mesmo a Magia como a Matemática não são Ciências no sentido próprio do termo, mas métodos ou técnicas. Por certos pontos de contacto, principalmente usando o critério histórico, a Matemática é por sua vez um método mágico ou uma técnica auxiliar da Magia.
Fica por demonstrar a impossibilidade de interacção de seres não análogos. Basta apenas para o fazer, dizer que a existência de seres realmente antagónicos é impossível porque um excluiria ou anularia o outro. A identificação de contrários, cifra-se magicamente por uma analogia. O antagónico é a inexistência. Um par de contrários é a primeira necessidade para a existência. É preciso não perder de vista que se trata aqui de expor elementarmente uma teoria. Isso, porém, não impede que o leitor necessite de a criar por si. O único trabalho do expositor é levar o leitor a adoptar o método que emprega. Eis a razão porque se confunde muitas vezes método com ciência.
Ciências como a Teologia ou a Filosofia, são evidentemente incluídas na política. Deve notar-se que até certo ponto a Filosofia não passa dum método da Teologia. Como exemplo da redução unitária que quisemos fazer transparecer acima, e para desenvolver, diremos que a Teologia se identifica com política pois que o homem não passa duma imagem de Deus, ou dos deuses, seja qual for a doutrina religiosa seguida ou se o quiserem, para reduzir outros contrários, Deus ou os deuses não passam duma imagem do homem ou dos homens, o que prova a inferioridade do politeísmo que ignorava ou parecia ignorar a unidade humana. Nota-se que estas interpretações só têm validade instantânea e não são históricas, mas apenas resultantes da metodologia analógica ou mágica em evolução constante. Por outro lado o todo Geológico é identificável ao todo político, como seria fácil de provar (ainda instantaneamente, etc. ut supra)». In José Blanc Portugal, Ensaios, Anticrítico, Edições Ática, Lisboa, 1960.

Cortesia de Ática/JDACT