sábado, 14 de junho de 2014

O Alasca e o seu Triângulo das Bermudas Canal da História. «Aos enormes recursos oficiais juntaram-se, também, grande quantidade de voluntários civis que procuraram, a pé ou nos seus aviões particulares, qualquer sinal. Mas nem um sinal do aeroplano, sequer»

Cortesia de wikipedia

Fenómenos Inexplicáveis. Coincidências Estranhas
«(…) Vinte anos antes outro acidente excepcional ocorrera na zona, precisamente no mesmo corredor de voo que os irmãos Roth haviam utilizado em Maio de 1992; o chamado Victor 379, que percorre o triângulo do Alasca dividindo-o em dois. Naquela ocasião, 16 de Outubro de 1972, foram dois políticos que desapareceram; um era o líder da maioria na Câmara dos Representantes, Thomas Hale Boggs, a quarta pessoa com mais poder no governo dos Estados Unidos a seguir ao presidente, e o outro, um promissor congressista Nick Begich, de 40 anos de idade. Boggs não nascera no Alasca nem sequer residia neste estado, mas sempre mantivera uma relação especial com a zona desde que apoiou o projecto de lei da concessão do estatuto de estado da União para o Alasca. Como era líder da maioria na Câmara dos Representantes, naquele 16 de Outubro, Boggs acompanhava o congressista Begich na sua campanha de reeleição como representante do Alasca no Senado dos Estados Unidos. Ao contrário do veterano Boggs, que contava já, quinze legislaturas e era na altura, membro da Comissão Warren que em 1964 se encarregara da investigação do assassinato do presidente John F. Kenedy, Nick Begich era um novato que estava a tentar levar por diante o que possivelmente terá sido o projecto de lei mais importante na história do Alasca: a Lei de Arbitragem das Reclamações dos Indígenas do Alasca; o acordo de maior envergadura que alguma vez fora assinado nos Estados Unidos com os nativos norte-americanos. Compreendia 178 000 quilómetros quadrados de terra e um orçamento de cerca de mil milhões de dólares.
Às nove da manhã, Begich e Boggs, juntamente com o assistente Russell Brown, sobrevoaram Anchorage a bordo de um bimotor Cessna pilotado por Don Jonz, um conhecido piloto local de 38 anos e muita experiência nas duras condições do Árctico, mais famoso também na sua profissão, pela sua arrogância e paixão pelo risco. Doze minutos depois de iniciar o voo, Jonz forneceu o plano de voo à torre de controlo com todos os pormenores e confirmou que o avião contava com os dispositivos de emergência necessários. Foi a primeira e a última comunicação que se estabeleceu com o aparelho. Ao meio-dia e meio o aeroporto de destino na cidade de Juneau anunciou o atraso do voo. Ninguém se preocupou, na altura, pois que os atrasos deste tipo são comuns em aviões pequenos e porque, além disso, os ocupantes do aeroplano estavam nas mãos de um mestre em aterragens de emergência como Jonz. Ao cair da noite, ainda não se sabia nada dos quatro homens, pelo que foram dados como desaparecidos. As respectivas famílias foram avisadas e, face à importância dos políticos, a notícia apareceu em todos os noticiários vespertinos do país. Foi então montada a maior operação de busca alguma vez levada a cabo nos anos setenta nos Estados Unidos.
Apesar do mau tempo, do gelo e da neve, um Hercules HC130 das Forças Aéreas saiu em busca dos desaparecidos, rastreando toda a zona através das nuvens e em plena noite com os seus sistemas de infravermelhos. Entretanto, na estreita passagem de Portage, ao sul de Anchorage, de onde se ouvira a última mensagem de Jonz e que é tristemente conhecida dos seus habitantes pela grande quantidade de aviões ali acidentados, uma unidade de infantaria com onze homens explorou a zona a pé. E mais, admitindo a hipótese de o Cessna desaparecido ter cruzado a baía de Prince William, barcos da guarda costeira patrulharam as frias águas semeadas de icebergues, embora a probabilidade de sobrevivência em águas com temperaturas abaixo dos 2ºC seja apenas de quinze minutos, segundo as estimativas. Utilizaram-se câmaras e sensores de tecnologia avançada que na época ainda estavam em fase experimental e a Patrulha Aérea Civil do Alasca chegou, inclusivamente, a empregar pela primeira vez, numa operação de busca e resgate, um avião espião secreto, o SR 71, capaz de fotografar a face de uma moeda a 9000 metros de altitude. Não se pouparam nem os meios humanos nem a tecnologia mais avançada numa grande operação, ordenada a partir das mais altas instâncias do governo dos Estados Unidos, devido aos importantes cargos públicos dos desaparecidos. Aos enormes recursos oficiais juntaram-se, também, grande quantidade de voluntários civis que procuraram, a pé ou nos seus aviões particulares, qualquer sinal. Mas nem um sinal do aeroplano, sequer». In Canal da História, O Alasca e o seu Triângulo das Bermudas, Os Grandes Mistérios da História, 2008, Clube do Autor, Lisboa, 2010, ISBN 978-989-845-206-1.

Cortesia CAutor/JDACT