segunda-feira, 5 de maio de 2014

O Santo Graal e a Linhagem Sagrada. Michael Baigent. Eichard Leigh. Henry Lincoln. «Alarico partiu com os tesouros de Salomão, o reidos Hebreus, uma visão digna de se ver, pois estavam adornados na sua maioria com esmeraldas e em tempos antigos tinham sido tirados de Jerusalém pelos Romanos»

Cortesia de joaochichorro, jdact

Os Possíveis Tesouros
«(…) Durante mais quinhentos anos, a cidade continuou a ser assento de um importante condado, ou comté, o Condado de Razès. Depois, no princípio do século XIII, um exército de cavaleiros do Norte desceu sobre o Languedoc para esmagar a heresia cátara ou albigense e reclamar para si próprios os ricos despojos da região. Durante as atrocidades da chamada Cruzada Albigense, Rennes-le-Château foi capturada como feudo e transferida de mão em mão. Cento e vinte e cinco anos mais tarde, na década de 1360, a população local Íoi dizimada pela peste; e Rennes-le-Château foi destruída pouco tempo depois por bandos nómadas catalães. Há histórias de tesouros fantásticos que se entrecruzam com muitas destas vicissitudes históricas. Constava que os hereges cátaros, por exemplo, possuíam algo de valor fabuloso e até mesmo sagrado, que, segundo várias lendas, era o próprio Santo Graal. Diz-se que estas lendas impeliram Richard Wagner a fazer uma peregrinação a Rennes-le-Château antes de compor a sua última ópera, Parsifal e durante a ocupação, entre 1940 e 1945, diz-se que as tropas alemãs, seguindo o rasto de Wagner, empreenderam várias escavações infrutíferas na região. Há também o tesouro desaparecido dos templários, cujo Grão-Mestre, Bertrand de Blanchefort, ordenou certas escavações misteriosas na área. Segundo todos os relatos, estas escavações foram de natureza nitidamente clandestina, efectuadas por um contingente especialmente importado de mineiros alemães. Se havia realmente algum tesouro templário escondido na zona de Rennes-le-Château, isto pode explicar a referência ao Sião nos pergaminhos descobertos por Saunière.
Havia também outros possíveis tesouros. Entre os séculos V e VIII, grande parte da França actual era governada pela dinastia merovíngia, que incluiu o rei Dagoberto II. Rennes-le-Château, no tempo de Dagoberto, era um bastião visigótico, e o próprio Dagoberto era casado com uma princesa dos Visigodos. A cidade pode ter acumulado uma espécie de tesouro real; e há documentos que falam de grandes riquezas amealhadas por Dagoberto para aplicar na conquista militar, escondidas nos arredores de Rennes-le-Château. Se Saunière descobriu um depósito deste género, isso explicaria a referência nos códigos a Dagoberto. Os cátaros. Os templários. Dagoberto II. E havia ainda outro possível tesouro, o vasto saque acumulado pelos Visigodos durante o seu avanço tempestuoso através da Europa. Este pode ter incluído algo mais do que um saque convencional, possivelmente artigos de imensa relevância, tanto simbólica como literal, para a tradição religiosa ocidental. Podia, em suma, ter incluído o lendário tesouro do Templo de Jerusalém, que, ainda mais do que os templários, justificaria a referência ao Sião. No ano de 66 d. C., a Palestina ergueu-se em revolta contra o jugo romano. Quatro anos mais tarde, em 70 d. C., Jerusalém foi arrasada pelas legiões do imperador, sob o comando do seu filho, Tito. O próprio Templo foi saqueado e o conteúdo do Lugar Santíssimo transportado de volta para Roma. Tal como está retratado no arco triunfal de Tito, este conteúdo incluía o imenso candelabro de ouro com sete braços tão sagrado para o judaísmo e, possivelmente, até mesmo a Arca da Aliança.
Três séculos e meio mais tarde, em 410 d. C., Roma foi por sua vez saqueada pelos invasores visigóticos, sob o comando de Alarico, o Grande, que pilhou virtualmente toda a riqueza da Cidade Eterna. Como nos diz o historiador Procópio, Alarico partiu com os tesouros de Salomão, o reidos Hebreus, uma visão digna de se ver, pois estavam adornados na sua maioria com esmeraldas e em tempos antigos tinham sido tirados de Jerusalém pelos Romanos. Um tesouro, então, pode muito bem ter sido a fonte da inexplicável riqueza de Saunière. O padre pode ter descoberto qualquer um de vários tesouros, ou pode ter descoberto um único tesouro que tenha mudado de mãos repetidamente através dos séculos, passando talvez do Templo de Jerusalém para os Romanos, destes para os Visigodos, eventualmente para os cátaros e/ou os templários. Se assim foi, isto explicaria por que razão o tesouro em questão pertencia tanto a Dagoberto II como ao Sião». In Michael Baigent, Eichard Leigh, Henry Lincoln, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, 1982, tradução de Nadir Ferrari, Editora Nova Fronteira, 1993, ISBN: 852-0904-74-2, O Sangue de Cristo e o Santo Graal, Editora Livros do Brasil, Colecção o Despertar dos Mágicos, Lisboa, tradução de Elsa Vieira, 2004, ISBN 972-38-2651-8.

Cortesia L. do Brasil/JDACT