quarta-feira, 16 de abril de 2014

A História Secreta dos Jesuítas. Edmond Paris. «Durante os anos seguintes, Pio…viu coisas ainda piores, sem se alterar. Não é de surpreender que os dirigentes católicos da Alemanha competissem entre eles na servidão ao regime nazista, encorajados que eram pelo seu ‘mestre’ romano»

jdact e cortesia de wikipedia

«(…) Apesar da tendência generalizada cada vez maior de uma laicização (exclusão da religiosidade); do progresso inelutável do racionalismo, que reduz um pouco a cada dia o domínio do dogma, a Igreja Romana não poderia desistir do grande objectivo, o qual tem sido seu propósito desde o início: reunir sob o seu domínio todas as nações da Terra. Essa missão monumental deve continuar, independentemente do que aconteça, tanto entre os pagãos quanto entre os cristãos separados. O clero secular tem, em especial, a tarefa de sustentar as posições adquiridas, o que é particularmente difícil hoje em dia, enquanto fica a cargo de certas ordens regulares o aumento do rebanho de fiéis, pela conversão dos hereges e pagãos, um trabalho ainda mais árduo. A tarefa é de preservar ou adquirir, defender ou atacar e, na frente de batalha, está a força de combate da Companhia de Jesus, os jesuítas. Essa companhia não é secular nem regular nos termos de seus estatutos; é, no entanto, um tipo subtil, intervindo quando e onde for conveniente, dentro e fora da Igreja. Resumindo: A Companhia de Jesus é o agente mais qualificado, mais perseverante, mais destemido e mais convicto da autoridade papal, como a descreveu um de seus melhores historiadores. Veremos de que maneira esse corpo de janízaros (tropa de choque) foi formado e que tipo de serviço inestimável dedicou ao papado. Verificaremos também o quanto esse zelo foi realmente efectivo, a ponto de se tornar indispensável à instituição que servia, exercendo tamanha influência que seu prior era chamado, e com razão, de o Papa Negro, pois tornava-se cada vez mais difícil distinguir, no governo da Igreja, a autoridade do papa e a do seu poderoso coadjutor.
O papa, não satisfeito em dar apenas o seu apoio pessoal a Hitler (maldito), concedeu dessa forma o apoio moral do Vaticano ao Reich nazista! Ao mesmo tempo em que o terror estava começando a reinar do outro lado do Reno, e era secretamente aceito e aprovado, os assim chamados camisa marron já tinham posto quarenta mil pessoas em campos de concentração. Os massacres organizados e perseguições se multiplicavam, ao som dessa marcha nazista (maldita, mil vezes maldita): Quando o sangue judeu escorrer pela lâmina, nos sentiremos melhor novamente. Durante os anos seguintes, Pio XII viu coisas ainda piores, sem se alterar. Não é de surpreender que os dirigentes católicos da Alemanha competissem entre eles na servidão ao regime nazista, encorajados que eram pelo seu mestre romano. Seria importante ler os delírios ensandecidos e as acrobacias verbais de teólogos oportunistas, dentre eles Michael Schmaus, o qual foi posteriormente elevado por Pio XII a alto dignatário da Igreja, e descrito como o grande teólogo de Munique pela publicação La Croix, em 2 de Setembro de 1954. Ou ainda um certo livro intitulado Katholisch Konservatives Erbgut, sobre o qual alguém escreveu: Esta antologia oferece-nos textos dos principais teóricos católicos da Alemanha, de Gorres a Vogelsang, fazendo-nos crer que o nacional-socialismo nasceu pura e simplesmente de ideias católicas (Gunther Buxbaum, Mercure de France, 15 de Janeiro de 1939).
Os bispos, obrigados a fazer um voto de obediência a Hitler (maldito), devido ao Tratado, sempre tentaram superar uns aos outros em sua devoção. Sob o regime nazista, constantemente encontramos o suporte fervoroso dos bispos em todas as correspondências e declarações de dignatários eclesiásticos. Tais documentos trazem à luz as acções secretas e pérfidas do Vaticano para a criação de conflitos entre as nações, quando serviam aos seus interesses. Com a ajuda de artigos conclusivos, mostramos o papel desempenhado pela Igreja na ascensão dos regimes totalitários na Europa. Estes testemunhos e documentos constituem uma denúncia esmagadora e, até ao momento, nenhum apologista se atreveu a desmenti-los. No dia 1 de Maio de 1938, o jornal Mercure de France lembrou do que havia dito quatro anos antes, e ninguém o desmentiu: Que o papa Pio XII foi quem fez Hitler. Ele veio ao poder, não tanto através dos meios legais mas, principalmente, por causa da influência do papa no Centrum (partido católico alemão). O Vaticano acredita que cometeu um erro político ao ajudar Hitler (maldito) indicando-lhe o caminho do poder? Parece que não... Pelo menos parecia que não quando isso foi escrito, ou seja, no dia seguinte ao Anschluss, ocasião na qual a Áustria se uniu ao Terceiro Reich; nem posteriormente, quando as agressões nazistas se multiplicaram; nem mesmo durante toda a II Guerra Mundial. Na verdade, no dia 24 de Julho de 1959, João XXIII, sucessor de Pio XII, conferiu Franz Von Papen, seu amigo pessoal, o título honorário de camareiro secreto. Este homem havia sido espião nos Estados Unidos durante a I Guerra Mundial e um dos responsáveis pela ditadura de Hitler e pelo Anschluss. Só algum tipo especial de cegueira pode nos impedir de ver factos tão claros». In Edmond Paris, Histoire secrète des jésuites, A História Secreta dos Jesuítas, tradução de Josef Sued, 1997, Chick Publications, 21ª edição, Fundação Biblioteca Nacional, 2000, ISBN 093-795-810-7.

Cortesia de FBN/JDACT