segunda-feira, 31 de março de 2014

Poesia no 31. Portugal. «Hoje o dia..., a pena caiu-me das mãos, acabou-se o poema no papel. Cá por dentro continua... Oh! Este marulhar das almas no silêncio! Chuva, caindo tão mansa, em branda serenidade. Hoje minh’alma descansa. Que perfeita intimidade!...»

jdact

Chove? Nenhuma Chuva Cai...
«Chove? Nenhuma chuva cai...
Então onde é que eu sinto um dia
em que ruído da chuva atrai
a minha inútil agonia?

Onde é que chove, que eu o ouço?
Onde é que é triste, ó claro céu?
Eu quero sorrir-te, e não posso,
ó céu azul, chamar-te meu...

E o escuro ruído da chuva
é constante em meu pensamento.
Meu ser é a invisível curva
traçada pelo som do vento...

E eis que ante o sol e o azul do dia,
como se a hora me estorvasse,
eu sofro... E a luz e a sua alegria
cai aos meus pés como um disfarce.

Ah, na minha alma sempre chove.
Há sempre escuro dentro de mim.
Se escuro, alguém dentro de mim ouve
a chuva, como a voz de um fim...

Os céus da tua face, e os derradeiros
tons do poente segredam nas arcadas...

No claustro sequestrando a lucidez
um espasmo apagado em ódio à ânsia
põe dias de ilhas vistas do convés.

No meu cansaço perdido entre os gelos,
e a cor do outono é um funeral de apelos
pela estrada da minha dissonância...»

JDACT