sábado, 22 de fevereiro de 2014

A Primeira Cruzada. Contexto Histórico. Carlos Navarro. Karen Worfihs. «A resposta foi fulminante: entre Março e Abril de 1096, 20.000 pessoas das camadas mais desvalidas da sociedade, servos fugitivos, famílias inteiras que nada tinham a perder, ladrões ‘em busca de alguns trocados’, puseram-se em marcha até Terra Santa»

Cortesia de wikipedia

A Primeira Cruzada. Os exércitos cruzados
«(…) A primeira Cruzada se desenvolveu nas linhas gerais ao esquema previsto pelo papa Urbano II. O recrutamento prosseguiu a passos largos durante o resto de 1095 e os primeiros meses de 1096. Reuniram-se cinco grandes exércitos nobiliários em fins do verão de 1096 para iniciar a Cruzada. Grande parte dos seus membros procediam da França, mas um significativo número vinha do sul da Itália e das regiões de Lorena, Borgonha e Flandres. O papa não havia previsto o entusiasmo popular que sua convocação para a Cruzada produziria entre o campesinato e o povo das cidades. Ao lado da Cruzada da nobreza se materializou outra constituída pela classe baixa. O grupo mais importante de cruzados populares foi recrutado e dirigido por um predicador conhecido como Pedro o Ermitão, natural de Amiens (França). Já que foram numerosos os participantes na Cruzada popular, somente uma percentagem mínima deles pode chegar ao Médio Oriente; ainda assim foram menos os que sobreviveram para ver a tomada de Jerusalém pelos cristãos em 1099.

Pedro, o eremita
As crónicas o descrevem como um homem muito voluntarioso. Atravessava França no lombo de seu burro e segundo a lenda, nos seus alforjes levava uma carta de Deus. Era referenciado como Pedro o eremita e era um dos muitíssimos pregadores populares que andavam pelas praças dos povoados daquela Europa de 1096. Estamos na parte mais escura da Idade Média, cheia de superstições apocalípticas e, sobretudo, com uma grande parte da população a viver na miséria e degradação... Na verdade muita pobreza, muita sujidade e doenças. Pedro prometia o céu, a salvação em um eminente juízo final e uma recompensa espiritual que muitos desamparados traduziam na prática por uma recompensa material: uma vida melhor. Para lograr este objectivo, bastava ir a Jerusalém e expulsar aos Muçulmanos que a ocupavam.
A resposta foi fulminante: entre Março e Abril de 1096, 20.000 pessoas das camadas mais desvalidas da sociedade, servos fugitivos, famílias inteiras que nada tinham a perder, ladrões em busca de alguns trocados, puseram-se em marcha até Terra Santa desde terras francesas e germanas. O papa Urbano II ficou estupefacto, quando verificou toda esta movimentação, ele havia pensado num exército de cavaleiros bem equipados, capazes de debater uma guerra contra os sarracenos. Mas jamais havia imaginado que um pregador popular se tomaria o assunto por sua conta e reuniria aquela massa de esfarrapados praticamente sem armamento. Em qualquer caso, não foram impedidos de partir. A Cruzada Popular, assim seria conhecida (...) desceu os vales do Rin e o Danúbio semeando um caos onde passavam: sem provisões para o caminho e com um fanatismo religioso que roçava a histeria, encontrou nas comunidades judias das cidades de Alemanha e Húngaras um primeiro inimigo infiel a quem eliminar e saquear.

Exércitos bem preparados
Em Agosto de 1096, Pedro o Ermita e os peregrinos que não haviam perecido nas múltiplas revoltas que provocaram na sua rota finalmente atravessaram o estreito do Bósforo nas naves proporcionadas pelo imperador Bizantino, Alejo Comneno, que estava desejando afastar de Constantinopla aquelas hordas selvagens. Já em território muçulmano, a Cruzada Popular não resistiu com a primeira investida: A 21 de Outubro de 1096 era massacrada em Nicea. Este movimento, inútil em termos bélicos levantou com sua brutalidade uma desconfiança face às verdadeiras intenções dos que pretendiam se empenhar com as Cruzadas buscavam recompensa espiritual ou material? Entretanto, a Cruzada Popular caminhava em direcção ao desastre, desde diversos pontos da Europa vários cavaleiros marchavam para a Terra Santa. Não se tratava de reis, mas aqueles exércitos bem preparados aproximavam-se mais na ideia de Urbano II. De facto, eram verdadeiros cruzados, posto que à diferença dos mobilizados por Pedro o Eremita, estes últimos haviam-se submetido ao acto solene da toma da Cruz (que levavam bordada em suas roupas), Loreneses, Francos e Germanos viajaram ao comando do duque da Baixa Lorena, Godofredo de Bouillon. Normandos do norte e outro grupo de Francos partiram com Roberto de Flandes. Os Normandos do Sul embarcaram com Bohemundo de Tarento. E outro destacamento de Francos formava o que, à priori, era o grupo principal, comandado por Roberto de Toulouse, a quem Urbano II encomendou a liderança militar da Cruzada e a Ademaro de Puy, o legado papal na missão». In Carlos Navarro, Karen Worfihs, A Primeira Cruzada, Contexto Histórico, Wikipédia.

Cortesia de wikipedia/JDACT