domingo, 8 de setembro de 2013

Duas Irmãs para um Rei. Isabel de Castela e Maria de Castela. Isabel Guimarães Sá. «… cidades e vilas onde as personagens deste livro estanciaram: “o mosteiro de Guadalupe”, onde a rainha Isabel de Portugal passou a última Páscoa; “Madrigalejo”, onde seu pai Fernando de Aragão morreu…»

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Introdução. Um casal de Reis. Isabel de Castela e Fernando de Aragão
«(…) Apresentaremos de forma breve estes cronistas espanhóis, numa tentativa de descortinar a sua ligação à Coroa, as fontes em que se basearam, e de que modo as suas vidas intersectaram a história desses anos. E também os seus congéneres portugueses, como é óbvio, que documentam as vidas destas mulheres no tempo em que foram rainhas de Portugal. Mesmo as démarches que me propus efectuar, leitura dos cronistas a par da bibliografia sobre o tema, se revelaram tarefas árduas. Existe uma produção vastíssima da historiografia espanhola, propalada sobretudo com o quinto centenário da morte da mãe das nossas biografadas, Isabel, a Católica, comemorado em 2004, dando origem a vários congressos com as respectivas actas, diversas biografias sobre a rainha e livros sobre o seu reinado, bem como teses de doutoramento. E também outra historiografia, da autoria de historiadores que trabalham em universidades do mundo anglo-saxónico ou francês, igualmente importante. Embora os meus objectivos se circunscrevam a saber coisas sobre as duas filhas e o ambiente em que cresceram, bem como as conjunturas internacionais que deram origem às alianças matrimoniais de
que foram objecto, a historiografia revelou-se demasiado vasta para o tempo à minha disposição.
Se alguma coisa me desculpa, é o facto de ter escrito estas duas biografias como último recurso da coordenação, de que também faço parte. Duas desistências levaram a que as rainhas que agora apresento ficassem sem autor; no final de 2008 tinha entregue a outra biografia que escrevi para esta colecção, de Leonor de Lencastre, e encontrava-me livre para correr o risco. Do ponto de vista pessoal, valeu a pena, porque a investigação me levou a ultrapassar as fronteiras do reino de Portugal. A história deste último, à luz do que dizem os cronistas dos outros reinos peninsulares, é bem distinta de algumas narrativas mestras que ainda se encontram entre os nossos historiadores.
Houve também um esforço no sentido de visitar algumas cidades e vilas onde as personagens deste livro estanciaram: o mosteiro de Guadalupe, onde a rainha Isabel de Portugal passou a última Páscoa; Madrigalejo, onde seu pai Fernando de Aragão morreu; a vila onde nasceu, Dueñas; Tordesilhas, onde sua irmã Joana passou a maior parte da sua vida, dada como louca; o castelo de La Mota de Medina, onde Isabel, a Católica, faleceu; Palência, onde estão ainda bem presentes na sua catedral as marcas da passagem de Carlos I de Espanha. Finalmente, Madrigal de las Altas Torres, onde tudo começou, com o baptismo de Isabel, a Católica.
Julgo ter olhado para alguns acontecimentos de forma diferente, mas, como o leitor é, juiz, dir-me-á. Como de costume, esta parte de livro pertence-lhe. Sou devedora de várias pessoas a quem agradeço o apoio prestado. A David Nogales Rincón, pela possibilidade de ler trabalhos seus inéditos; a Paula Bessa e… aos amigos que me acompanharam nas deambulações por Espanha, para conhecer alguns lugares das pessoas sobre quem escrevo».

In Isabel Guimarães Sá, Rainhas Consortes de D. Manuel I, Isabel de Castela, Maria de Castela e Leonor de Áustria, C. de Leitores, 2012, ISBN 978-972-42-4710-6.

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