segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Príncipe dos Poetas Portugueses. Camões. «… assim faleceu o grande poeta, ‘numa pobre casa da calçada de Santana’, ao “abandono”, tendo por companhia unicamente sua mãe, e o fiel escravo, “o jau António”. Em alvará de 31 de Maio de 1582, Filipe II, mandou transferir para D. Ana de Sá a tença de 15.000 réis, por ser muito velha e muito pobre…»


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(Continuação)

«No entretanto, as saudades da pátria amarguravam-lhe o coração, e resolveu voltar a Portugal, acompanhado por um escravo chamado António, natural de Java, que muito se lhe afeiçoara, e que sempre o acompanhou no resto da vida. Pedro Barreto partiu de Goa para Moçambique, de cuja capitania ia tomar posse, e ofereceu a Camões levá-lo consigo, porque seria mais fácil encontrar ali embarcação que levantasse ferro para Portugal. Camões aceitou, mas em Moçambique, por causa duma questão que tivera com Pedro Barreto, ficou reduzido a grande miséria, de que seria vítima, se não arribasse em 1569 a nau Santa Fé, que trazia para Portugal o vice-rei Antão de Noronha, onde alguns amigos do poeta o auxiliaram, dando-lhe roupa.
A nau Santa Fé chegou a Cascais a 7 de Abril de 1570. Camões veio achar Lisboa, depois de dezasseis anos de ausência, devastada pela terrível Peste grande, nome porque ficou sendo conhecida na história. Encontrou sua mãe muito velha e muito pobre, e neste desalento, para maior desgraça, roubaram-lhe ainda o seu livro de versos, e foi furto notório, como escreve Diogo do Couto. Nunca se descobriu o roubador, e Camões não chegou a ver impressa a sua poesia lírica. O seu grande poema, é que conseguiu, depois das maiores dificuldades, um alvará em 23 de Setembro de 1571, para o imprimir, mas só se publicou em princípio de Julho de 1572, sendo-lhe dada em 28 desse mês a tença de 15.000 réis pela sua habilidade e suficiência durante três anos, sendo renovada a 2 de Agosto de 1575.
Camões continuava a ser guerreado, porque o rei Sebastião, projectando a sua viagem a África em 1578, escolheu para cantor da sua futura vitória o poeta Diogo Bernardes. O resto da vida de Camões foi uma completa amargura, e os seus sofrimentos ainda mais se lhe agravaram, quando se recebeu em Lisboa a notícia do desastre de Alcácer Quibir. Na sua grande miséria, o jau, que o acompanhara do Oriente a Lisboa, prestou-lhe o mais dedicado e afectuoso auxílio, chegando a pedir esmola, às ocultas do poeta, para lhe acudir ás instantes necessidades da vida.
Assim faleceu o grande poeta, numa pobre casa da calçada de Santana, ao abandono, tendo por companhia unicamente sua mãe, e o fiel escravo, o jau António. Em alvará de 31 de Maio de 1582, o rei Filipe II, já então de posse de Portugal, mandou transferir para D. Ana de Sá a tença de 15.000 réis, por ser muito velha e muito pobre.
As edições dos Lusíadas são numerosas; o imortal poema está traduzido em todas as línguas. Camões escreveu três comédias:
  • El-rei Seleuco,
  • O Amphitrião,
  • O Filodemo.
Que se representaram em Lisboa. Além dos Lusíadas, compôs formosos versos elegíacos, bucólicos, satíricos, e uma colecção de sonetos muito apreciáveis; Rimas, publicadas em Lisboa em 1595, tendo depois muitas edições.
Têm-se escrito muito acerca do grande poeta; mencionaremos:
  • O Plutarcho portuquez; 
  • Camões, poema do visconde de Almeida Garrett; 
  • Camões, drama do visconde de Castilho, representado no Brasil, e impresso em 1849;
  • Camões, drama de Cipriano Jardim, representado no teatro de D. Maria, por ocasião das festas do centenário, em 1880; 
  • Historia de Camões, por Teófilo Braga; 
  • Diccionario bibliographico, tomos 5, 14 e 15; 
  • Luiz de Camões, romance histórico por António de Campos Júnior, etc.
Em 1867 inaugurou-se em Lisboa a estátua de Camões, na praça que tomou o nome do grande poeta. Em Coimbra também se erigiu um monumento em 1881. Em 10 de Junho de 1880 festejou-se solenemente o terceiro centenário da morte do grande poeta, havendo um pomposo cortejo cívico e brilhantes iluminações. Em Coimbra também se comemorou o terceiro centenário com solenes festejos». In Enciclopédia, Wikipédia.

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