domingo, 20 de janeiro de 2013

Mosteiro dos Lóios. Igreja de São Salvador de Vilar de Frades. Barcelos. Areias de Vilar. «Arquitectura religiosa românica, de que conserva o primitivo portal. Pelo exterior subsistem outras reminiscências do templo medievo, nomeadamente uma torre rectangular de sabor defensivo e um pano de muro do antigo alçado frontal da igreja românica»


cortesia de wikipedia

«A Igreja de São Salvador de Vilar de Frades, também referida como Igreja de Vilar de Frades e Igreja do Mosteiro dos Lóios, localiza-se no sopé do monte Airó, junto à margem esquerda do rio Cávado, na freguesia de Areias de Vilar, concelho de Barcelos
Faz parte do complexo do convento da Congregação dos Cónegos Seculares de S. João Evangelista que aí estabeleceu a sua primeira casa-mãe, tendo sido, antes, um mosteiro beneditino. A sua arquitectura é notável, especialmente pelo abobadamento da igreja, principalmente na capela-mor e transepto, bem como pelo portal manuelino da fachada principal, ao lado do qual se encontra, na torre sul, um portal e uma janela de características românicas, construídos, contudo, já no século XIX com vestígios do mosteiro original. Encontra-se classificada como Monumento Nacional desde 1910.
A mais antiga referência ao mosteiro beneditino de Vilar de Frades data de 1509. Contudo, segundo frei Leão de São Tomás, teria existido uma carta do monge beneditino frei Drumário, escrita em 7 de Outubro de 571 que datava a fundação do mosteiro em 566, pela mão de São Martinho de Dume. Segundo Jorge de São Paulo, acreditando na existência dessa carta, o mosteiro seguiu a regra de São Bento desde essa data até 714, ano em que foi destruído devido às invasões muçulmanas, nada restando dessa fase da vida do convento. Teria sido reconstruído, segundo o mesmo autor, em 1070, mantendo-se sob a alçada da Ordem Beneditina até 1425. A reconstrução foi obra, sobretudo, de nobres locais, como Godinho Viegas, que pelo seu empenho na Reconquista Cristã, receberam os favores dos primeiros monarcas portugueses, como Sancho I, que deu a carta de couto ao mosteiro em 1172. Em 1104, Dona Gotinha, parente de Godinho Viegas, terá dado um novo estímulo ao convento, doando uma propriedade rústica da freguesia de Santiago de Encourados.
Em 1302, D. Beringeira Aires, herdeira e padroeira de outros conventos além deste, doou, a 12 de Agosto, o padroado e jurisdição que tinha sobre o mosteiro a Geraldo, bispo do Porto. Em 1400, passou a ser uma abadia secular, sob o padroado do arcebispo de Braga, Martinho Afonso Pires. Em 1425, finalmente, Fernando Guerra, arcebispo de Braga, passa o mosteiro para as mãos de Mestre João Vicente, futuro bispo de Lamego e Viseu. Este encontrou-o em bastante mau estado, mas reformou-o de forma exemplar, com o apoio que recebeu da Santa Sé e da diocese de Braga que anexaram 13 igrejas ao convento até 1510, depois de ter faltado apoio semelhante à nova congregação religiosa em outros locais. A congregação ainda teve o apoio de Vasco, em Évora, mas a oferta do mosteiro veio a mostrar-se decisiva. O Mestre terá encontrado o antigo mosteiro reduzido a umas pobres casas ou chóças, & huma pequena Igreja, tudo em tal estado que mais tinha de ruina, que de edifício. O Claustro servia, nessa altura, de corte de gado, as oficinas estavam arrasadas, a igreja servia de celeiro e adega. Os frades passaram a viver nas celas térreas e na igreja velha.


O apoio da Sé de Braga não foi constante. Ainda que a congregação se tenha instalado em Vilar com a concordância do cabido da Sé de Braga, que permitiu a anexação da Igreja do Mosteiro de São Bento da Várzea desde que os futuros reitores se submetessem à autoridade do arcebispo de Braga, ficando a confirmação da eleição dos mesmos, em Capítulo Geral, dependente da confirmação da Sé.
Os cónegos, contudo, desde cedo que manifestaram desejos de autonomia em relação a Braga, procurando apoio junto da corte régia, Afonso V de Portugal, junto do conde de Barcelos, do duque de Bragança e mesmo da Santa Sé. Esta última confirmaria o seu apoio à nova Ordem, durante o pontificado dos papas Martinho V e Eugénio IV, este último promoveu o mestre João Vicente a bispo de Lamego, além de ordenar que o convento ficasse sem dependência do arcebispo. Monsenhor José Augusto Ferreira chega mesmo a dizer que os Cónegos Azuis de Vilar fizeram-se vermelhos e enveredaram pelo caminho da ingratidão. A acção de Fernando da Guerra é, aliás, paradoxal neste conflito de interesses, já que continuou a anexar igrejas ao convento, ao mesmo tempo que tentava forçar os frades a reconhecerem a sua autoridade, o que conseguiu a 29 de Abril de 1461, ao confirmar o reitor João de Nazareth. Nos séculos seguintes, os reitores tentarão, de novo, o máximo de autonomia em relação ao arcebispado. Há que ter em conta que, tal como defende José Marques, a Ordem dos Lóios, ou cónegos seculares evangelistas, que se apresentava como uma comunidade de tipo novo, deve, sem dúvida, a sua existência e fundação ao apoio de Fernando Guerra, ao ceder as instalações do convento de S. Salvador de Vilar de Frades, até porque a congregação tinha tido problemas em instalar-se tanto em Lisboa como no Porto, recebendo apenas apoio em Braga.
Ao convento foram anexadas, ao longo da sua ocupação pelos Lóios, várias igrejas, a maioria das quais pela mão de Fernando Guerra, dando um poderio crescente à Ordem nesta região. Além da já citada igreja do Mosteiro de São Bento da Várzea, anexou ainda a Igreja de Santa Maria Madalena, de São João de Areias de Vilar, Santa Leocádia de Pedra Furada, Santa Maria de Moure, S. Jorge de Airó, São Martinho de Airó, São Vicente de Areias, São Pedro de Adães e Santiago de Encourados. O arcebispo Luís Pires fará ainda a anexação de Santa Maria de Góis, depois da renúncia do abade desta Igreja ao ingressar na Ordem dos Lóios.


A Igreja de São Martinho de Manhente, e convento, terá sido confiada pelo papa Nicolau V, através de uma bula de 1448, confirmada por uma bula posterior de 1450, tendo sido feita a tomada de posse em 1480, após confirmação também de Luís Pires. Com esta anexação, o reitor de Vilar de Frades passou a deter as prerrogativas do couto de Manhente, ou seja, capitão-mor, coudel-mor, repartidor das armas, alcaide-mor e ouvidor do cível, tendo a competência de nomear o juiz do couto. A Igreja de São Melião de Mariz foi anexada após um conjunto de peripécias: após a morte do abade desta igreja, os cónegos pediram a Jorge da Costa, que estava em Roma, para que anexasse também esta igreja ao seu convento. O cardeal, contudo, designou João dos Santos como abade desta igreja. Os cónegos, contudo, convenceram o novo abade a ingressar na congregação e a pedir a anexação da igreja ao seu convento. O papa Júlio II confirmará a anexação». In Wikipédia.

continua
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