domingo, 14 de outubro de 2012

Guia Artístico do Crato. Jorge Rodrigues e Júlio Pereira. «Um Guia que pretende guiar os visitantes através do Concelho. São publicadas plantas e indicadas as localizações exactas, sempre que possível, das obras a visitar. Possui um grande número de fotografias, ajudando a identificar e conhecer o que se visita…»

Perspectiva do Crato por Pedro Tinoco (1615-21)
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Freguesia do Crato e Mártires
«O Concelho do Crato possui mais de 40 antas inventariadas. São as mais antigas manifestações da presença humana na região, com cerca de 4 000 a 5 000 anos de idade. Pela densidade destes vestígios que revela o espólio deles exumado, é de crer ter sido toda esta região, no período neo-neolítico, um local de estabelecimento ou de passagem de povos que se dedicavam à pastorícia e a práticas agrícolas incipientes. Na freguesia do Crato, são duas as antas melhor conservadas.

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Arquitectura e espólio
A anta do ‘Couto dos Andeiros’, também conhecida por ‘Anta da Portela ou Folha dos Carros’, possui uma câmara circular, da qual restam 5 esteios de xisto quartzítico ainda intactos, sobre os quais descansa a mesa ou chapéu, do mesmo material. Forneceu espólio reduzido: contas de xisto (2), um pingente, pontas de seta e elementos de silex talhados. A anta da ‘Tapada dos Canchos’ possui igualmente uma câmara sub-circular formada por 6 esteios de xisto quartzítico que sustentam a mesa. Do corredor de acesso à câmara restam 4 esteios menores, partidos, na face Norte. Pormenor interessante da arquitectura do monumento é a pedra de travamento que foi interposta entre o topo do esteio mais a Sul da câmara e a cobertura, nivelando-a e equilibrando-a.
Forneceu espólio escasso: 5 contas de colar em xisto e calaíte, pontas de seta e elementos de silex talhados, uma faca do mesmo material, 5 machados polidos de anfibolite e um fragmento de placa-ídolo em grés micáceo, figura oculada com bico de ave.
O espólio destas antas, bem como de todas as outras exploradas por Agostinho Farinha Isidoro, nos anos 60 e 70, no concelho e imediações, encontra-se depositado no Instituto de Antropologia Dr. Mendes Correia da Universidade do Porto.

Planta da vila do Crato
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Implantação
Conforme é comum nas antas, que são templos funerários destinados ao enterramento colectivo, os testemunhos descritos encontram-se sobre um relevo proeminente. A anta do ‘Couto dos Andreiros’ no cimo de um outeiro, a anta da ‘Tapada dos Canchos’ a meia encosta de um morro mais importante, e junto de cursos de água (a primeira, perto de um arroio que corre na base do outeiro, a outra dominando a Ribeira das Feixotas, afluente da Ribeira de Seda).

Anta da Portela de Carros
Anta da Tapada dos Canchos
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Localização
Anta do ‘Couto dos Andreiros’, no topo de um outeiro, a cerca de 400 m. a leste da Estação de C. F. do Crato. É visível da estação, debaixo de uma oliveira que marca o cume da elevação. Acede-se ao monumento seguindo a pé, para leste, a linha de C. F., inflectindo depois para norte, atravessando o riacho que corre paralelamente a esta.
A anta da ‘Tapada dos Canchos’ fica situada a cerca de 2 Km. A leste da vila do Crato. Deve tomar-se o caminho vicinal que, na estrada de Alter do Chão-Crato, já perto desta vila e na subida que a ela conduz, parte à direita, de um fontanário de espaldar caiado.
Percorrem-se cerca de 1500 m., seguindo o curso da ribeira das Feixotas. Chegando à base do morro maior do percurso, avista-se a anta em terreno de azinheiras. Acessível a pé ou em veículo de todo o terreno». In Jorge Rodrigues e Paulo Pereira, Guia Artístico do Crato, C. M. do Crato, Crato, 1989.

Cortesia da CM do Crato/JDACT