terça-feira, 17 de abril de 2012

Trabalhador do Conhecimento. Profissão. Thomas Davenport. «O mais difícil é identificar as pessoas que clara e definitivamente não são trabalhadores do conhecimento. [...] o facto de o número de funções que não requerem qualquer nível de conhecimento ter vindo a diminuir ao longo do tempo»



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O que é um trabalhador do conhecimento?
«O que é um trabalhador do conhecimento? Há mais de uma década que os tenho definido da seguinte forma:
  • Os trabalhadores do conhecimento possuem competências de elevado nível, formação, ou experiência, e o principal objectivo das suas funções envolve a criação, distribuição ou aplicação de conhecimento.
 Os trabalhadores do conhecimento utilizam o pensamento como forma de vida. Qualquer aumento da carga de trabalho é intelectual, não física, logo, eles vivem de forma racional. Resolvem os problemas, compreendem e vão de encontro às necessidades dos consumidores, tomam decisões e comunicam com outras pessoas enquanto desempenham as suas funções.
É fácil apontar exemplos de trabalhadores do conhecimento:
  • médicos e físicos;
  • cientistas e escritores de ficção científica;
  • pilotos e ‘designers’ de aviões.
Reconhecemo-los assim que os vemos. Não têm necessariamente de trabalhar em indústrias ‘conhecimento-intensivas’; os gestores de qualquer empresa são sempre trabalhadores do conhecimento, que recorrem a ele para tomar decisões no melhor interesse das suas empresas. Até uma organização de cariz mais industrial possui engenheiros, investigadores, profissionais de ‘marketing’ e planeadores. Os trabalhadores do conhecimento operam em pequenas empresas emergentes e em grande empresas globais.
Fora do local de trabalho, residem em zonas badaladas das cidades e em zonas suburbanas de classe média ou alta; alguns deles mudaram-se para empreendimentos mais afastados e fazem o seu trabalho virtualmente. Muitas das pessoas com quem a maioria dos leitores deste livro se relaciona profissional ou socialmente, podem ser trabalhadores do conhecimento.
O mais difícil é identificar as pessoas que clara e definitivamente não são trabalhadores do conhecimento. A maioria das funções exige algum nível de conhecimento Para ser cumprida com sucesso; e, provavelmente, é também verdade o facto de o número de funções que não requerem qualquer nível de conhecimento ter vindo a diminuir ao longo do tempo. Mesmo que eu conduza um táxi, necessito de alguns conhecimentos geográficos para chegar ao destino (os taxistas de Londres, em particular, têm de possuir ‘o conhecimento’ das ruas da cidade antes de obterem as suas licenças). Mesmo que eu vendesse bilhetes num cinema, eu precisaria, quer de conhecimentos na prestação de serviços ao consumidor, quer da capacidade de me aperceber de quando alguém está a tentar entrar sem pagar. Até mesmo os operários de escavação de diques devem possuir alguns conhecimentos sobre as condições do solo e sobre como ler-anta: baldes cheios de desperdício sem magoarem as suas costas. Agrada-me a ideia de que cada vez mais trabalhadores precisam de conhecimento nas suas funções. Porém, isso não faz deles necessariamente trabalhadores do conhecimento.
As definições existentes de trabalhadores do conhecimento, que incluem qualquer pessoa que utilize o conhecimento na sua função, não são muito úteis. Peter Druckel, por exemplo, definiu ‘trabalhador do conhecimento’ como ‘alguém que sabe mais acerca do seu trabalho do que qualquer outra pessoa dentro da sua empresa’. Drucker estava certamente consciente do facto de que o trabalho do conhecimento se está a tornar cada vez mais importante; e está certo quando afirma que, normalmente, os trabalhadores do conhecimento compreendem melhor as suas funções do que os outros. Porém, esta definição também pressupõe que os taxistas, os funcionários das bilheteiras e os operários de escavação de diques não estão incluídos na definição de "trabalhador do conhecimento” de Drucker; adicionalmente, a sua definição também implica que só existe um trabalhador do conhecimento por função e por empresa». In Profissão. Trabalhador do Conhecimento, Thomas Davenport, 2005, Biblioteca Exame, Concept Advertising, 2007, ISBN 978-989-612-282-9.

Cortesia Concept Advertising/JDACT