domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Universidade de Coimbra e a Europa, 1537-1937. Exposição Documental. «Chegou a ser convidado para leccionar em Salamanca, onde encontrou a oposição de alguns que se manifestaram por Fr. Luís de Leão. Seria em Coimbra que exerceria o “múnus docente”, entre 1575 e 1580, regendo uma das duas cadeiras da Sagrada Escritura»

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Teologia e Cânones
1578, Abril, 19

Assinatura autógrafa de Fr. Heitor Pinto na acta da sessão do Conselho da Universidade de Coimbra. Conselhos, 1577-1581, t. 9, fl. 94 v.
«Fr. Heitor Pinto, natural da Covilhã, foi uma das figuras mais ilustres da ordem de S. Jerónimo. Professou no convento de Belém em 1543 e entregou-se desde cedo ao estudo das Humanidades, vindo a frequentar o colégio da Costa de Guimarães. Estudou Direito em Salamanca e Teologia em Coimbra, onde teve como mestres Afonso do Prado, Marcos Romeiro, Paio Rodrigues de Vilarinho e Martinho de Ledesma. A obtenção do grau de doutor teve lugar na Universidade espanhola de Siguenza, em 1568.
Profundo conhecedor das ciências filosóficas e teológicas, e das línguas latina, grega e hebraica, e possuindo amplos dotes oratórios e uma rara limpidez de estilo, veio a tornar-se um dos maiores escritores do seu tempo, de que a ‘Imagem da Vida Cristã’ e os comentários exegéticos a alguns profetas constituem exemplos claros. As suas obras foram impressas em várias cidades europeias, como Leiden, Antuérpia, Colónia, Salamanca, Veneza e Paris.

Chegou a ser convidado para leccionar em Salamanca, onde encontrou a oposição de alguns que se manifestaram por Fr. Luís de Leão. Seria em Coimbra que exerceria o “múnus docente”, entre 1575 e 1580, regendo uma das duas cadeiras da Sagrada Escritura. Foi afastado da cátedra em 1580, juntamente com Fr. Luís de Sotomaior e Fr. Agostinho da Trindade, por ter tomado o partido do Prior do Crato. Expulso para Espanha, veio a falecer perto de Toledo. A vasta obra deste preclaro filho da ordem jeronimita está impregnada de profundo humanismo e de sólidos conhecimentos teológicos e bíblicos. Cultivou também com ardor a Oratória e a Mística. A tradução de alguns dos seus trabalhos para espanhol, francês e italiano é outro marco referencial da importância que lhe foi reconhecida além fronteiras.

Cortesia de pardalitosdochoupal

1597, Março, 28

Carta do papa Clemente VIII a Fr. Luís de Sotomaior, do colégio de São Tomás, na qual o incita a publicar os seus comentários bíblicos e mais escritos teológicos. Colégio de S. Tomás de Aquino, cx. 2, nº 26.
«Fr.Luís de Sotomaior nasceu em Lisboa de família nobre e muito devota e morreu em Coimbra em Maio de l610. Professou na ordem de S. Domingos e, após ter feito os estudos de Artes no convento da Batalha, seguiu em 1549 para Lovaina a fim de estudar Teologia. Aí contactou com vultos ilustres de teólogos, como Ruard Tapper, Josse Revesteyn (Tiletano), Johannes Heuten, Johannes Driedo, Mateus Galeno e Jacobus Latomus. Exerceu depois o magistério de Humanidades nas Universidades de Londres, Oxford e Cambridge a convite de Maria Tudor. Depois leccionou na Flandres e na Alemanha.

O talento e o profundo saber bíblico e teológico de Sotomaior iriam também ser patenteados no concílio de Trento, no qual participou com outros, grandes teólogos do seu tempo: Fr. Baltasar Limpo, Fr. Bartolomeu dos Mártires, Fr. Gaspar do Casal e Fr. João Soares, e Fr. Francisco Foreiro, Fr. Jerónimo de Azambuja, Fr. Jorge de S. Tiago, Diogo de Paiva de Andrade e outros. É na última fase do concílio que encontramos Sotomaior em Trento. A sua actividade como professor de Sagrada Escritura da Universidade de Coimbra iniciou-se em l4 de Outubro de 1566, tendo sido nomeado por provisão régia do rei Sebastião. Tomou posse em 5 de Fevereiro de 1567. Impôs-se na docência pela sua vasta cultura e saber. Exerceu vários cargos na vida universitária. Por ter manifestado a sua adesão a António, Prior do Crato, (18º Monarca) foi demitido da cátedra em 1580, vindo a ser reintegrado em 1582. Jubilou em 1589.

Os seus comentários bíblicos ao cântico dos cânticos e às Epístolas Pastorais de S. Paulo, estes últimos impressos em Paris, granjearam-lhe enorme reputação». In A Universidade de Coimbra e a Europa, 1537-1937, 2º Congresso Nacional de Bibliotecários Arquivistas e Documentalistas, Coimbra, 1987.

Cortesia da U. de Coimbra/JDACT