segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Maria Ana Themudo. O Burrinho do Presépio. Natal. «Sim, porque naquele tempo não havia aquecimento eléctrico! Pois bem, eu sou descendente desse burro! Já vêem que também tenho alguma importância»

Cortesia de tomasallen

O burrinho do Presépio
Dizem que sou burro.
Está certo. E o meu nome.
Sou burro, mas não sou estúpido.
Tenho carácter e forte personalidade.
Lembram-se do burro que viu nascer o menino Jesus? E que o aqueceu com o seu bafo quentinho e ternurento?
Sim, porque naquele tempo não havia aquecimento eléctrico! Pois bem, eu sou descendente desse burro! Já vêem que também tenho alguma importância.
Mas, verdadeiramente, o que me interessava era ter sido eu a viver essa felicidade imensa de ter conhecido Jesus.
E a verdade é que o meu avô, acho que lhe posso chamar assim, ficou muito espantado com tudo o que aconteceu naquela noite.
Já era tarde, estava uma noite fria, mas tão cheia de estrelas que dava gosto olhar para o céu.

Cortesia de tomasallen

Mas à força de olhar para as estrelas, os olhos começaram a picar e deu-lhe um sono... que resolveu deitar-se na palha e dormir uma boa soneca.
Nesse mesmo estábulo havia uma vaca, mas ele não lhe dava muita confiança.
Quando já dormia há um bom bocado, foi acordado por vozes que falavam baixo, mas pelo menos pareceram-lhe um bocadinho aflitas.
Abriu uma nesga de um procurando acolher-se e que por ali abundavam.
Voltou a fechar os olhos e não ligou importância.
Afinal, qualquer um podia abrigar-se do frio da noite naquele estábulo.
Não tinha porta e espaço era o que não faltava.
Mas passado algum tempo voltou a acordar e qual não foi o seu espanto quando viu, deitado num berço feito de palha, o Menino mais lindo que alguma vez, na sua vida de burro, lhe tinha sido dado ver! Mas tinha tão pouca roupa que a mãe, cansada e aflita, tentava cobri-lo com o Seu manto. E foi então que o meu avô acordou a vaca e propôs-lhe aquecerem com os seus bafos quentinhos o doce e lindo bebé.

Cortesia de tomasallen

Como gostava de ter sido eu!
Mas sei que posso fazer alguma coisa para me tornar útil.
Vou oferecer as minhas costas para ajudar alguém que esteja muito cansado a levar o seu fardo.
E, assim, acho que o menino Jesus há-de gostar de mim!». In Maria Ana Allen Themudo, E se Eles contassem Histórias?, ilustrações de Tomás Allen, 1997.

Cortesia de Ana Themudo/JDACT