quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

BNP. Edição fac-similada do manuscrito Variações para Bandolim, de David Perez (1711-1778). «A forma de variações não era, na época, um género muito comum para o bandolim. Apenas se conheciam as edições de dois conjuntos de 30 variações da autoria do napolitano Leoné, em 1761 e 1767, o que coloca este conjunto de “128 Variações de Perez”, numa escala inteiramente diferente»

Cortesia de bnp

Lançamento. Dia pf 16 Dezembro de 2011. 18h00. Auditório BNP
«No aniversário dos 300 anos do nascimento do compositor napolitano setecentista que residiu longos anos em Portugal, a Biblioteca Nacional de Portugal acolhe o lançamento desta edição fac-similada que apresenta a mais antiga fonte portuguesa conhecida (1773) de música para bandolim - as 128 Variações, de David Perez. Trata-se de uma co-edição do CESEM - Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da Universidade Nova de Lisboa e da editora Colibri, que inclui um ensaio e notas críticas da autoria de David Cranmer, assim como uma gravação em CD áudio com interpretações de José Grossinho.
A forma de variações não era, na época, um género muito comum para o bandolim e, até à data deste manuscrito, apenas se conheciam as edições de dois conjuntos de trinta variações da autoria do compositor napolitano Leoné, em 1761 e 1767, o que coloca este conjunto de 128 Variações de Perez, numa escala inteiramente diferente.

Cortesia de bnp

Algumas destas Variações tiveram a sua estreia moderna, pela Academia dos Renascidos, no passado dia 28 de Junho, no auditório da BNP.
Compositor sobretudo de opere serie italianas e música sacra, Perez foi contratado por D. José I, em 1752, como professor de música de Suas Altezas Reais as Infantas de Portugal, às quais, ao que tudo indica, se destinavam estas Variações. A isso faz referência directa o manuscrito, em cuja página de rosto se descreve o compositor como Maestro delle LL. RR. AA. [Loro Reali Altezze] La Serenissima Signora Principessa Del Brasile ed Infante di Portugallo ou seja, «Mestre das Suas Altezas Reais A Sereníssima Senhora Princesa Do Brasil e Infantas de Portugal». Em 1773, a data do manuscrito e provavelmente também a da composição, era Princesa do Brasil e herdeira do trono a futura D. Maria I. O termo Infante (Infantas) no plural, referir-se-á a todas as princesas e não apenas às duas mais velhas, para as quais este título era mais estritamente reservado.

Cortesia da bnp

A partitura, composta por 32 fólios manuscritos frente e verso a uma só mão e com as linhas dos pentagramas desenhadas a rastro, foi adquirida pelo Prof. David Cranmer em 1997 num alfarrabista de Lisboa que, por sua vez, a terá comprado a um vendedor alemão. Apresenta, na página de rosto, marca de posse de Joaquim de Vasconcelos, musicógrafo e historiador, autor, entre outras obras, de Os Musicos Portuguezes (Porto: Imprensa Portugueza, 1870), o primeiro dicionário biográfico de músicos portugueses. Tanto a encadernação de época, em pele vermelha com motivos florais gravados a ouro nas pastas e lombada, comparável a muitos outros volumes da Biblioteca Real, hoje conservada sobretudo na Biblioteca da Ajuda, como a elegância da página de rosto e o cuidado da escrita musical, sugerem proveniência de alguém importante. Na ocasião deste lançamento será formalizada a doação do manuscrito à BNP pelo seu actual proprietário, Professor Doutor David Cranmer que, assim, contribui generosamente para enriquecer o património musical da Instituição». In Biblioteca Nacional de Portugal.

Cortesia de BN de Portugal/JDACT