terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sophia de Mello Breyner Andersen. Pátria. « Pedra, rio, vento, casa, pranto, dia, canto, alento, espaço, raíz e água, ó minha Pátria e meu centro»

Cortesia de montgomeryrenosca

Pátria

Por um país de pedra e vento duro
por um país de luz perfeita e clara
pelo negro da terra e pelo branco do muro.

Pelos rostos de silêncio e de paciência
que a miséria longamente desenhou
rente aos ossos com toda a exactidão
dum longo relatório irrecusável.

E pelos rostos iguais ao sol e ao vento.

E pela limpidez das tão amadas
palavras sempre ditas com paixão
pela cor e pelo peso das palavras
pelo concreto silêncio limpo das palavras
donde se erguem as coisas nomeadas
pela nudez das palavras deslumbradas.

- Pedra, rio, vento, casa,
pranto, dia, canto, alento,
espaço, raíz e água,
ó minha Pátria e meu centro.

Me dói a lua me soluça o mar
e o exílio se inscreve em pleno tempo.
Poema de Sophia Andresen 

Cortesia de wbadviesnl

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