segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Paulo A. Loução. Os Templários na formação de Portugal: O Cristianismo Primitivo. «Em Dezembro de 1945, um camponês árabe encontrou uma jarra com treze livros de papiro encadernados a coiro, perto de Nag Hammadi, no Egipto. Estes livros escritos em copta datam do séc. IV a. C. (conclusão irrefutável obtida após análise científica) e contêm muitos dos chamados evangelhos e escritos apócrifos do cristianismo»

Cortesia de wikipedia

O Cristianismo Primitivo.
«No entanto, deve ser «cosmisado», ou seja, ordenado, impregnado pelas Ideias do Bom, do Belo e do Justo. Filosoficamente, o mal é a ausência do bem. Deus, sendo omnipresente, terá de impregnar toda a existência, incluindo as forças ligadas à matéria que, pelo seu próprio instinto, tudo fazem para impedir a ascensão da alma.
Em síntese, embora este mundo seja um reflexo pálido do mundo divino, quem nele está deve contribuir para o embelezar, harmonizar e tomá-lo mais justo e não, pura e simplesmente, desprezá-lo e considerá-lo obra do Diabo, caindo, desta forma, na chamada «Grande Heresia» mencionada no livro tibetano «A Voz do Silêncio», ou seja, a crença de que no universo algo possa estar separado, o que é contrário ao sentimento da grande fraternidade cósmica. Tudo está relacionado com tudo, e, como diz Hermes Trismegisto num dos princípios do «Kybalión»:

"Como é em cima, é em baixo;
como é em baixo, é em cima."


Cortesia de esquilo

Em Dezembro de 1945, um camponês árabe encontrou uma jarra com treze livros de papiro encadernados a coiro, perto de Nag Hammadi, no Egipto. Estes livros escritos em copta datam do séc. IV a. C. (conclusão irrefutável obtida após análise científica) e contêm muitos dos chamados evangelhos e escritos apócrifos do cristianismo. Segundo certos académicos, os textos originais que provocaram esta tradução copta não foram escritos depois de 150 d. C., mas sim antes.
Registe-se que «apócrifo» em grego significa secreto, oculto, esotérico. Estes textos revelam indubitavelmente uma outra leitura do cristianismo e estão a ser objecto de estudo por muitos investigadores universitários. A historiadora Elaine Pagels, doutorada pela Universidade de Harvard, divulga parte desses textos na sua obra «Os Evangelhos Gnósticos».
O professor gnóstico Téodoto da Ásia Menor (séc. II a. C.) afirma que gnóstico é alguém que veio a compreender:
  • «quem nós éramos, e aquilo que nos tornamos; onde estávamos (...) e para onde nos apressamos; quais as coisas de que estamos a ser libertados; o que é nascer e o que é renascer».
Vislumbramos aqui uma clara alusão à doutrina da reencarnação que, como atestou S. Jerónimo, foi durante muito tempo ensinada na Igreja. Só em 533 d. C. o Concílio de Constantinopla II promulgou que «todo aquele que defenda a mística ideia da preexistência da alma e a maravilhosa opinião do seu regresso, será excomungado [leia-se perseguido]». A necessidade desta lei canónica prova que muitos cristãos aceitavam e difundiam a doutrina da reencarnação.
Cortesia de esquilo

Outro mestre gnóstico, Monoimo, afirma:
  • «Abandonai a busca de Deus e da criação e demais questões de índole semelhante. Procurai tomando-vos a vós próprios como ponto de partida. Aprendei quem é que, dentro de vós, faz ser tudo quanto há e diz “Meu Deus, minha mente, meu pensamento, minha alma, meu corpo.” Aprendei as fontes da tristeza, da alegria, do amor, do ódio ( … ). Se investigardes cuidadosamente estas questões descobrireis Deus em vós próprios».
Na Índia podemos ler no Livro de Manu:
  • «Dentro de todos os deveres, o principal é adquirir o conhecimento da Alma Suprema [espírito]; esta é a primeira de todas as ciências pois só ela confere imortalidade ao homem».
O neoplatónico Jâmblico sustenta que
  • «(...) não é no conhecimento das coisas exteriores, mas na perfeição da alma interior que repousa o império do homem que aspira a ser mais do que homem». Uma máxima sufi diz: "Quem conhece a sua alma conhece o seu senhor".
Para penetrar um pouco no interior dos textos gnósticos temos de penetrar no ambiente da tradição esotérica e das escolas de mistérios da antiguidade clássica». In Paulo Alexandre Loução, Os Templários na Formação de Portugal, Ésquilo, 9ª edição, 2004, ISBN 972-97760-8-3.

Cortesia de Ésquilo/JDACT