segunda-feira, 13 de junho de 2011

Coimbra. 900 anos do Foral: Coimbra 1111. «Queremos que tenham uma relação diferente com o património fabuloso que a cidade é". Posto isto, admitiu tratar-se de "um espectáculo um bocadinho diferente". "Coimbra 1111 é para públicos maiores de seis anos, mas a ideia é que as famílias e as pessoas vão todas", afirmou a directora artística d’O Teatrão, avançando que o público vai participar no espectáculo na perspectiva de quem vai invadir a cidade»


Cortesia de oteatrao e aventurasfamilia 

Os dias 23 e 24 de Junho, 4 de Julho, 27 de Agosto e 10 de Setembro são as datas marcadas para o espectáculo produzido pel’O Teatrão, que integra as comemorações dos 900 anos do Foral de Coimbra.
«Há números que, dada a junção de algarismos, despertam curiosidade. 1111 é um deles. Sentimento inerente ao instinto natural dos humanos, curiosidade é o que o espectáculo Coimbra 1111, dirigido por Isabel Craveiro, quer despertar nas pessoas. Já está curioso? Tenha calma, pois, já diz o ditado popular, «a curiosidade matou o gato». Além do mais, convém informar, ainda há muito para dizer.
Nos dias 23 e 24 de Junho, 4 de Julho, 27 de Agosto e 10 de Setembro, O Teatrão trará à rua um espectáculo com início, às 19h30, no cais do Museu da Água, mas que percorrerá outros espaços históricos da cidade, que, em 2011, comemora os 900 anos do Foral de Coimbra. A Praça Velha, o Arco de Almedina, o Governo Civil (Porta de Belcouce) e o Largo da Sé Velha serão palco dos restantes quatro dos 5 quadros do espectáculo de teatro de rua, que decorre em Coimbra, algum tempo depois de 1111.
  • «Pode ser uma experiência muito engraçada», deixou escapar Isabel Craveiro, encenadora d’O Teatrão, esperando que "as pessoas adiram e tenham curiosidade de ver as ruas por onde passam e também por onde não passam", assim como, prosseguiu, "queremos que tenham uma relação diferente com o património fabuloso que a cidade é". Posto isto, admitiu tratar-se de "um espectáculo um bocadinho diferente". "Coimbra 1111 é para públicos maiores de seis anos, mas a ideia é que as famílias e as pessoas vão todas", afirmou a directora artística d’O Teatrão, avançando que o público vai participar no espectáculo na perspectiva de quem vai invadir a cidade». 

Cortesia de dn

Entre o Museu da Água e a Sé Velha
No quadro um, designado Desembarque, Coimbrinha e Coimbrão, dois truões pertencentes a uma companhia de teatro, foram novamente expulsos da cidade por comporem um arremedilho demasiado atrevido.
  • Esfomeados e sem conseguir dormir, são os primeiros a avistar a chegada de um exército mouro que vem cercar Coimbra. Ainda tentam avisar os cristãos, mas ninguém acredita nestes dois actores vagabundos. O exército, comandado por um príncipe almóada, Almutamid, e pelo seu fiel lugar-tenente, Ammar, consegue convencer os truões, em troca de comida, a ajudá-los a infiltrar alguns mouros na cidade, para depois abrirem a porta da muralha.
Pelos Arrabaldes, assim se designa o segundo quadro, os actores conduzem os espiões mouros, tentando enganá-los. Levam-nos à Praça Velha, onde o príncipe se apaixona por uma jovem moçárabe, Mariazinha. Os actores levam os espiões a uma taberna, onde esperam embebedá-los. Contudo, por causa das dívidas, das brigas e das mulheres, os truões são mal recebidos. O comportamento dos árabes, esse, é impecável, razão pela qual Coimbrinha e Coimbrão acabam convencidos que o governo dos mouros será melhor para a cidade.

No Arco de Almedina, onde decorre o quadro três, os actores tentam fazer um acordo com os árabes para ficarem com o Cine-Teatro Sousa Bastos depois de os mouros conquistarem a cidade.
  • O príncipe apaixonado já diz que sim a tudo. Graças a uma manobra de diversão dos actores, os espiões conseguem entrar e abrir a porta de Almedina. O exército entra na cidade preparado para saquear tudo.
Na Porta de Belcouce, actual Governo Civil de Coimbra, decorre o quarto quadro. A intervenção de Mariazinha impede que os mouros chacinem os cristãos. Os moçárabes juntam-se aos mouros para libertá-los dos tiranos que governam a cidade e estão refugiados na Sé. Tomada a Sé, Ammar, guerreiro e poeta, sugere que se redija uma espécie de contrato, onde fique claro quais os direitos e obrigações dos mouros e dos cristãos. No quinto quadro de um espectáculo de entrada livre, que decorre no Largo da Sé Velha, após a celebração do contrato, celebram-se as bodas de Almutamid e Mariazinha.


Cortesia de dc

Voltar a 1111 ou ficar no século XXI
Apesar de não estar na sinopse do espectáculo, Isabel Craveiro, em declarações ao Diário de Coimbra, adiantou que o percurso entre o Arco de Almedina e o Governo Civil será feito através da Rua das Fangas, hoje Rua Fernandes Tomás:
  • «Quando chegam lá, percebem que a porta desapareceu. Os árabes vão colocar a hipótese de ser uma emboscada e, sem querer revelar agora muito do que se vai passar a seguir, a verdade é que vão perceber que viajaram no tempo e que estão no século XXI. Uns querem voltar a 1111, mas outros querem ficar no século XXI», resumiu.
Coimbra 1111 será uma aventura medieval dos nossos dias ou uma aventura moderna pela Coimbra medieval? Certo é que é um espectáculo que desafia o espectador a fazer um percurso pela zona histórica da cidade, envolvendo actores d’O Teatrão e de companhias amadoras, pais e alunos das classes de teatro da companhia, músicos, repúblicos e habitantes do centro histórico, que pegarão em formas de teatro popular e ritual para partir à conquista de Coimbra. Coimbra 1111 será uma celebração que a comunidade fará sobre a sua cidade, destinada a todos, locais e forasteiros.

O Teatro Amador de S. Silvestre, o Grupo de Teatro de Sobral de Ceira, O Celeiro - Grupo de Teatro (Pereira) e o Teatro Amador de Ribeira de Frades entram no elenco, que, na transição dos quadros, contará com a colaboração da Arte à Parte, República dos Kágados, República Prá-Ki-Estão e Ateneu de Coimbra. Ao todo, envolverá perto de uma centena de pessoas. «Tem sido uma experiência maravilhosa, porque ficamos a conhecer melhor a realidade do teatro amador e de outras estruturas culturais da cidade. É um momento feliz de celebração. Para nós, é uma grande festa e espero que para as outras pessoas também seja», concluiu Isabel Craveiro». In Diário de Coimbra

Cortesia de D. C./JDACT