segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Infanta D. Maria de Portugal. As suas Damas: «... a respeito das mulheres instruídas que conviveram com Cataldo Sículo e dele receberam cartas e versos, das quais D. Leonor (1488-1563) foi provavelmente a que faleceu mais tarde, temos de admitir que havia um movimento de interesse pela nova cultura entre as damas da corte, antes de 1520, ano em que o humanista já teria deixado de viver. Ao número dessas senhoras pertenceram, a rainha D. Leonor, viúva de D. João II e irmã do rei D. Manuel, e a infanta D. Joana, irmã de D. João II»

Cortesia de wikipedia 

«... O livro do Sabelico chama-se Enneades seu Ehapsodia historiarum e foi D- Leonor de Noronha quem aportuguesou o título em eneyda, sem com isto pretender criar qualquer confusão com o poema de Vergílio. Por outro lado, Enneades é uma palavra derivada do grego «nove», porque cada um dos onze livros das Enneades está dividido em nove partes. ... a respeito das mulheres instruídas que conviveram com Cataldo Sículo e dele receberam cartas e versos, das quais D. Leonor (1488-1563) foi provavelmente a que faleceu mais tarde, temos de admitir que havia um movimento de interesse pela nova cultura entre as damas da corte, antes de 1520, ano em que o humanista já teria deixado de viver. Ao número dessas senhoras pertenceram, a rainha D. Leonor, viúva de D. João II e irmã do rei D. Manuel, e a infanta D. Joana, irmã de D. João II.

Cortesia de absoluteastronomy 
Também não tem fundamento afirmar que a rainha D. Leonor, terceira mulher de D. Manuel, e mãe da Infanta, foi a impulsionadora do humanismo da corte no pouco tempo que viveu entre nós, e que sua irmã, D. Catarina, mulher de D. João III, não era muito instruída. Há provas em contrário desta afirmação. E no séquito que veio de Castela um conjunto de personalidades, cuja acção se fez sentir na vida cultural do país, como os irmãos Pedro e Rodrigo Sanches, Julião de Alba, Turíbio Lopes outros mais.
António de Castro, que promoveu a edição das obras de Cataldo Parísio Sículo, não foi discípulo do humanista italiano nem publicou as suas obras completas. Esta edição de António de Castro, se foi de facto impressa, não chegou até nós. Tudo o que temos é a publicação no século XVIII, a partir de António de Castro (manuscrito? livro impresso?), da parte dos versos de Cataldo, com cortes, por vezes, nas peças publicadas. Fez essa publicação D. António Caetano de Sousa no volume VI, das Provas da História Genealógica da Casa Real Portuguesa.  

Trabalho de impressão de Valentim Fernandes
Cortesia de tipografos
De um modo geral, pode dizer-se que na edição das Provas não está metade sequer da obra poética de Cataldo e que lá faltam por completo os dois volumes de Epistolae e todas as Orationes menos uma. O primeiro volume de Epistolae et Orationes foi acabado de imprimir por Valentim Fernandes da Morávia, em Lisboa, em 21 de Fevereiro de 1500, o segundo, cerca de 1514. Das Orationes, D. António Caeteno reimprimiu a Oratio habita a Cataldo in aduentu Elisabet Principis Portugaliae ant ianuam Eburae; pronunciada pelo humanista em 28 de Novembro de 1490; e das Epistolae apenas a dirigida ao princípe D. Afonso, filho de D. João II, que precede os Prouerbia Cataldi.
Quanto a António de Castro, editor de Cataldo, a origem das confusões a seu respeito, como em tantos outros casos, esteve na Biblioteca Lusitana de Barbosa Machado, livro certamente útil, mas pleno de erros de facto e de erros tipográficos». In Prefácio de Américo da Costa Ramalho, A Infanta D. Maria de Portugal e as suas Damas, edição fac-similada, Carolina Michaelis de Vasconcelos, Biblioteca Nacional 1994.


Cortesia de Biblioteca Nacional/JDACT