quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tomás Ribeiro: «O meu berço alpestre acalentou-me ao som dos cantos livres e augustos da natureza. Virá uma nova escola amparar as conquistas da razão com a elevação do sentimento, porque a natureza sempre triunfa por fim»

(1831-1901)
Parada de Gonta, Tondela
Cortesia de wikipedia

Político e literato português, Tomás António Ribeiro Ferreira formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, começando a exercer em Tondela, por onde foi eleito deputado em 1862 e onde viria a presidir à Câmara Municipal. Foi o início de uma série de cargos públicos, série essa que viria a incluir o de secretário-geral da Índia, o de governador-civil do Porto e de Bragança, o de director-geral do Ministério da Justiça, o de presidente da Junta de Crédito Público e o de vogal do Tribunal de Contas.

Filiado no Partido Regenerador, foi eleito deputado pela segunda vez em 1875 e passou a integrar a Câmara dos Pares em 1882.Tomás Ribeiro foi várias vezes ministro:
  • em 1878, foi nomeado ministro da Marinha, num gabinete de Fontes Pereira de Melo, a quem esteve muito ligado;
  • em 1879, assumiu a pasta da Justiça;
  • em 1881, foi ministro do Reino;
  • em 1890, tornou-se responsável pelas Obras Públicas.
Enquanto titular da pasta da Justiça, coube-lhe assinar o importante decreto de 1879 que reconheceu a liberdade de consciência aos cidadãos não-católicos, tanto no casamento como no baptismo.

Cortesia de paradadegonta
Após a sua formatura, publicou «Os Meus Trinta Anos». Em 1862 foi admitido na Academia das Ciências de Lisboa. Nesse mesmo ano, publicou o poema «D. Jaime ou a Dominação de Castela», com um prefácio de António Feliciano de Castilho, que o tornou célebre e viria a desencadear uma acesa polémica literária.

O êxito de D. Jaime foi secundado pelo do poema «A Delfina do Mal (1868)» e pelo de colectâneas de poesia como «Sons que Passam (1868) e Vésperas (1880)». Nos dois volumes das suas crónicas de viagem, Jornadas (1873-1874), resultantes da sua passagem pela Índia, acrescentou às notações de exotismo orientalista uma intenção fortemente patriótica de celebração de «algumas das nossas glórias, tão cobertas por aí da ferrugem dos tempos, das invejas e das ingratidões». Colaborou em periódicos como a Revista Contemporânea de Portugal e Brasil e Artes e Letras. Fundou os jornais políticos:
  • Repúblicas,
  • O Imparcial,
  • A Opinião, todos de duração efémera.

Cortesia de europress
Apesar da influência de um certo realismo, presente no tom coloquial e no prosaísmo descritivo de alguns dos seus versos, a poética de Tomás Ribeiro, implícita na sua obra e manifesta nos textos de crítica literária que escreveu, a pretexto dos seus livros ou da produção de outros escritores, prefaciou obras de Rodrigues Cordeiro, Maria Amália Vaz de Carvalho e Camilo Castelo Branco, seu amigo e admirador, entre outros». In Infopédia. Porto Editora, http://www.infopedia.pt/$tomas-ribeiro.


Cismar é a minha sina
o êxtase, a minha poesia.

deixai, deixai que eu ande imune 
por todas as paragens do infinito
a sabor dos caprichos do meu estro!

Bibliografia:
D. Jaime ou a Dominação de Castela, 1862; 2.ª ed., 1863 (poema);
A Delfina do Mal, 1868 (poema);
Sons que Passam, 1868 (poesias);
Jornadas. Primeira parte - Do Tejo ao Mandovy, 1873 (crónicas de viagem);
A Indiana, 1873 (drama);
Jornadas. Segunda parte - Entre Palmeiras (de Pangim a Salsete e Pondá), 1874 (crónicas de viagem); Vésperas. Poesias Dispersas, 1880 (poesias);
Dissonâncias, 1890 (poesias).

Cortesia de Infopédia/JDACT