domingo, 6 de fevereiro de 2011

José do Canto: A ele se deve a plantação de um parque de excepcional beleza e diversidade florística em Ponta Delgada. Um camoniano que na biblioteca pessoal possui um exemplar da primeira edição de Os Lusíadas

(1820-1898)
Ponta Delgada
Cortesia de lisboasos

José do Canto, um intelectual açoriano, que se distinguiu como bibliófilo e como promotor da introdução de novas culturas e tecnologias agrícolas nos Açores. Era um cidadão dedicado à jardinagem e um botânico amador de nomeada. A ele se deve a plantação de um parque de excepcional beleza e diversidade florística em Ponta Delgada, que posteriormente recebeu o seu nome, Jardim José do Canto. Além desta realidade, foi um apaixonado pela obra de Luís de Camões, reunindo uma colecção comoniana que inclui obras de grande raridade.
José do Canto teve uma acção de benemérito relevante, financiando diversas instituições de solidariedade social, entre as quais um asilo na Ribeira Grande.
Interessado pela jardinagem e pela botânica, José do Canto concebeu a construção de um grande jardim, ao estilo inglês, a instalar numa leira de terras pertencente à sua esposa sita, então, nos arredores norte de Ponta Delgada, nas imediações da antiga ermida de Santana, construído a partir de 1845 com projecto de David Mocatta. Este Jardim possui grande variedade botânica e notável beleza paisagística.

Também se deve a José do Canto a construção, nas margens da Lagoa das Furnas, da Capela de Nossa Senhora das Vitórias um belíssimo edifício neo-gótico classificado como Imóvel de Interesse Público. Nas proximidades existe outro parque botânico, também construído por José do Canto como local de aclimatação para as plantas que importava. A ermida constitui uma pequena maravilha artística, em estilo neo-gótico, imitando as grandes catedrais europeias. A obra de cantaria foi executada por pedreiros micaelenses sob a chefia do Mestre António de Sousa Redemoinho, de Vila Franca do Campo. A capela ficou muitíssimo valorizada com riquíssimos vitrais.

Cortesia de patriciamachado

Foi inaugurada solenemente no dia 15 de Agosto de 1886, ainda em vida de José do Canto, referindo-se os jornais do tempo, a essa festa, em termos elogiosos. A imagem do altar-mor é feita de jaspe e os vitrais que circundam o templo evocam passos da vida de Nossa Senhora desde o Nascimento à Assumpção.
A Capela de Nossa Senhora das Vitórias foi construída nas imediações da casa de veraneio de José do Canto, que nela se encontra sepultado com sua esposa.



Capela de Nossa Senhora das Vitórias, Ermida de José do Canto
Cortesia de patriciamachado

José do Canto também foi um apaixonado bibliófilo e camoniano coleccionando livros e formar uma biblioteca pessoal com cerca de 18 mil títulos, editados do século XV ao século XIX, que, entre outras preciosidades, um exemplar da primeira edição de Os Lusíadas. A colecção, resultante das múltiplas compras que fez nos Açores e a vários alfarrabistas em Portugal, França e Inglaterra, constitui, desde Maio de 1942, um dos fundos integrados na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada. A colecção camoniana de José do Canto é considerada como a segunda melhor existente, reunindo todas as edições de Os Lusíadas saídas a público em português até 1898, que corresponde a cerca de 110 edições, publicadas entre 1572 e 1892.
Foi sócio da Academia das Ciências de Lisboa, eleito no ano de 1897.

Cortesia de Turismo Açoreano/JDACT