domingo, 9 de janeiro de 2011

Os Lusíadas: Luís de Camões, Canto VIII

Monumento a Viriato, Viseu
Cortesia de wikipedia

Canto VIII
Painel da História de Portugal

Esta Canto começa com Luso, estrofes 1 a 42, o filho ou companheiro de Baco, depois Viriato e Sertório. De seguida vêm o Conde D. Henrique e D. Afonso Henriques, juntamente com algumas personalidades que se evidenciaram durante a primeira dinastia:
  • Egas Moniz,
  • D. Fuas Roupinho, o prior D. Teotónio,
  • Mem Moniz,
  • D. Sancho I,
  • Geraldo Sem Pavor,
  • Martim Lopes, que capturou Pedro Fernando de Castro, renegado leonês aliado aos mouros,
  • Bispo D. Soeiro Viegas,
  • D. Paio Peres Correia.
Já durante a revolução de 1383-85 e o reinado de D. João I, estão presentes D. Nuno Álvares Pereira, Pêro Rodrigues e Gil Fernandes, vencedores de escaramuças com os castelhanos, Rui Pereira (batalha naval do cerco de Lisboa) e Martim Vasques da Cunha, que com 17 homens defendeu-se de 400 castelhanos.

Cortesia de leituraseterminologiawordpress

Depois D. Pedro e D. Henrique, da Ínclita Geração, D. Pedro de Meneses, capitão de Ceuta e D. Duarte de Meneses, capitão de Alcácer-Ceguer. Entretanto anoitece e o Catual volta a terra.

Tratado com o Samorim
O Samorim entretanto manda examinar os augúrios que, segundo o poeta, por serem pagãos são facilmente enganados pela fé errada. O Demónio engana-os dando a previsão de que os portugueses virão a subjugar toda a Índia. Isto é confirmado pelos conselheiros islâmicos do soberano, a quem durante a noite Baco visitara durante os sonhos, fazendo-se passar por Maomé, acusando os ocidentais de pirataria e incitando à destruição a frota.

«Sabe que há muitos anos que os antigos
Reis nossos firmemente propuseram
De vencer os trabalhos e perigos,
Que sempre às grandes coisas se opuseram;
E, descobrindo os mares inimigos
Do quieto descanso, pretenderam
De saber que fim tinham, e onde estavam
As derradeiras praias que levavam».
 Discurso de Vasco da Gama, estrofe 70 do Canto VIII

No dia seguinte, o Samorim tem de decidir entre as vantagens económicas do tratado com os portugueses e as previsões catastróficas da noite. Chamando Vasco da Gama, acusa-o de apátrida e pirata, incitando-o a confessar a verdade. O navegador responde com dignidade, estrofes 65 a 75, reafirmando as suas intenções, e sai da audiência com autorização para comercializar.

Cortesia de aupper  

Mas o ministro indiano, influenciado pelos muçulmanos do reino, faz o capitão refém e tenta trazer a frota portuguesa para mais perto, para a poder assaltar. Quando esta estratégia falha, cobiçando o lucro e temendo o castigo do seu soberano por estar a desobedecer às suas ordens, aceita trocar Vasco da Gama por mercadorias das naus.

Canto VIII
I
Na primeira figura se detinha
O Catual que vira estar pintada,
Que por divisa um ramo na mão tinha,
A barba branca, longa e penteada.
Quem era e por que causa lhe convinha
A divisa que tem na mão tomada?
Paulo responde, cuja voz discreta
O Mauritano sábio lhe interpreta:

II
«Estas figuras todas que aparecem,
Bravos em vista e feros nos aspeitos,
Mais bravos e mais feros se conhecem,
Pela fama, nas obras e nos feitos.
Antigos são, mas inda resplandecem
Co nome, entre os engenhos mais perfeitos.
Este que vês, é Luso, donde a Fama
O nosso Reino «Lusitânia» chama.

III
«Foi filho e companheiro do Tebano
Que tão diversas partes conquistou;
Parece vindo ter ao ninho Hispano
Seguindo as armas, que contino usou.
Do Douro, Guadiana o campo ufano,
Já dito Elísio, tanto o contentou
Que ali quis dar aos já cansados ossos
Eterna sepultura, e nome aos nossos.

IV
«O ramo que lhe vês, pera divisa,
O verde tirso foi, de Baco usado;
O qual à nossa idade amostra e avisa
Que foi seu companheiro e filho amado.
Vês outro, que do Tejo a terra pisa,
Despois de ter tão longo mar arado,
Onde muros perpétuos edifica,
E templo a Palas, que em memória fica?»

Cortesia de horizontesmundo






Cortesia de esjapportugues12

Cortesia do Instituto Camões/JDACT