quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A Bela Poesia: Alves Redol. Vergílio Ferreira. Fernando Namora. «Não m'importo ser soldado, contando que o batalhão..., de me estar tudo a contento, em todo o meu pensamento... Homem, até o barro tem poesia! Olha as coisas com humildade»

Cortesia de fabiomozart

Quadras
Se me vires de pau e manta,
não cuides que sou pastor:
sou da vila de Samora,
das Lezirias guardador.
(Samora Correia)

Não m'importo ser soldado,
contando que o batalhão
traga sempre na bandeira
bordado o teu coração.
(Benavente)

O meu amor disse à mãe
que me havia de deixar.
Agora deixo-o eu;
tome lá, vá-se gabar!
(Samora Correia)
Alves Redol
 
Que Há para Lá do Sonhar?
Céu baixo, grosso, cinzento
e uma luz vaga pelo ar
chama-me ao gosto de estar
reduzido ao fermento
do que em mim a levedar
é este estranho tormento
de me estar tudo a contento,
em todo o meu pensamento
ser pensar a dormitar.

Mas que há para lá do sonhar?
Vergílio Ferreira
 
Coisas, Pequenas Coisas
Fazer das coisas fracas um poema.

Uma árvore está quieta,
murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que não sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti não cabe.

Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade.
Fernando Namora

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