quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Estudantes Alentejanos na Universidade de Valladolid. 1567-1640: A origem da Universidade de Valladolid é algo obscura, «sendo difícil esclarecer quer a sua criação quer a data e carácter do seu nascimento», questão que leva os historiadores espanhóis a colocarem 3 teorias fundamentais para explicarem este assunto. Dos 86 estudantes, 13 são alentejanos, ou seja 15% do total

Cortesia de univerdidad de Valladolid

Com a devida vénia a Isabel Maria Ribeiro Mendes, Estudantes Alentejanos na Universidade de Valladolid, 1567-1640.
«Desde o período medieval, muitos estudantes portugueses deslocaram-se ao estrangeiro para frequentarem os estudos gerais de França, Inglaterra, Itália e Espanha. Tal facto equivale a afirmar que é impossível traçar a história da cultura Portuguesa sem fazermos referência ao papel que as universidades dos outros reinos tiveram na formação dos professores e alunos nacionais. Se as referências apontam sobretudo para Salamanca e Paris, não podemos ignorar outras escolas, e neste caso, pretendemos apontar Valladolid.

Cortesia de catedraalbertobenveniste

Não se trata de uma universidade que tenha desempenhado uma formação decisiva na cultura portuguesa, não obstante aí se matricularem alguns alunos, apesar da proximidade de Salamanca. Possuimos apenas dados muito incompletos acerca das matrículas dos estudantes e dos graus por estes obtidos, pois o arquivo não conserva a documentação relativa a estes actos para a época medieval, apesar da antiguidade desta instituição.

A origem da Universidade de Valladolid é algo obscura, «sendo difícil esclarecer quer a sua criação quer a data e carácter do seu nascimento», questão que leva os historiadores espanhóis a colocarem 3 teorias fundamentais para explicarem este assunto:
  • a universidade de Valladolid como uma transladação da de Palência, como instituição de origem eclesiástica ou ainda tendo origem municipal ou concelhia.
  • A primeira teoria tem origem na crença popular e na tradição;
  • A segunda baseia-se no facto de existir uma abadia onde funcionava uma escola, embora não se possa demonstrar a continuidade de uma na outra, apesar de haver casos semelhantes tais como Salamanca, Alcalá e Palência que tiveram origem catedralícia, e de a relação entre a abadia e a universidade ser estreita bo período medieval;
  • A terceira teoria, e também a mais recente, pretende demonstrar que os reis castelhanos teriam fundado o estudo, e o concelho valisoletano actuaria como intermediário, origem semelhante à das universidades da coroa de Aragão.

Cortesia de picasa

Deste modo, Valladolid, em meados do século XIII, teria um Estudo Particular de carácter secular que se transformaria em Estudo Geral com a protecção da coroa e mais tarde do papado. Tal estudo remontaria provavelmente ao reinado de Afonso X (1251-1284).

É provável que se tenham dirigido para Valladolid estudantes portugueses, pelo menos a partir do século XIV, mas como já se referiu a documentação desapareceu. Para o estudo de 1567 a 1640, data inicial do registo das matrículas dos alunos que se conserva e data final do nosso estudo, encontramos 86 alunos distribuídos do seguinte modo:
  • Artes, 13
  • Cânones, 28
  • Filosofia, 2
  • Gramática, 4
  • Leis, 15
  • Lógica, 1
  • Medicina, 16
  • Teologia, 5
  • Súmulas, 2
A proveniência dos alunos é diversa, ocupando lugar de destaque as dioceses de Braga e Évora. É precisamente desta última que nos iremos ocupar.

Cortesia de universia

Se a universidade eborense deveria satisfazer os anseios da população estudantil alentejana, sobretudo no que diz respeito aos cursos de Artes e Teologia, neste último destaque-se a acção do padre Luís Molina defensor do tomismo, também é verdade que destes 86 estudantes, 13 são alentejanos, ou seja 15% do total; os quais se distribuem pelos cursos de Cânones, Gramática, Leis, Medicina e Teologia, sem qualquer estudante em Artes.

Estudantes alentejanos em Valladolid
Cânones 3
Gramática, 1
Leis, 3
Medicina, 4
Teologia, 2

O primeiro estudante alentejano cuja matrícula encontrámos foi Melchior Luys Carrasco, natural de Alvito, matriculado em Medicina entre 1568 e 1571. Segue-se Francisco Nunes, natural de Estremoz, nos anos de 1570 e 1571, matriculado no mesmo curso. Ainda no século XVI, temos Juan Garcês, estudante de teologia. Os restantes inscreveram-se todos no século XVII, e alguns em mais do que um curso. Neste caso temos Manuel de Oliveira, natural de Beja, que em 1622 frequentou o curso de Cânones e nos anos de 1620 a 1623 o de Leis, voltando ao primeiro curso em 1627 e ainda Manuel Rodriguez, natural de Serpa, que em 1616 cursou Medicina e em 1620 estava inscrito em Teologia.

Para facilitar uma investigação uma investigação mais completa apontamos as indicações que obtivemos acerca dos nomes dos alunos matriculados e dos bacharéis alentejanos que passaram por Valladolid.
  • 1568-1571, Melchior Luys Carrasco, Alvito; medicina
  • 1570-1571, Francisco Nunes, Estremoz; medicina
  • 1575, Juan Garcês, Montemor-o-Novo; teologia
  • 1616, Esteban Rodriguez, Serpa, leis
  • Manuel Rodriguez, Serpa, medicina
  • 1620, Manuel Rodrigues, Serpa, teologia,
  • 1620-1623, Manuel de Oliveira, Beja, Leis,
  • 1622, Manuel de Oliveira, Beja, Cânones
  • 1627, Juan de Vasconcelos, Évora, Gramática
  • Manuel Camacho, Vinais, Leis,
  • Manuel de Oliveira, Beja, Cânones,
  • 1627-1628, Gaspar de los Rios, Beja, Cânones,
  • 1628, Francisco Franco, Portel, Cânones,
  • Manuel de Moreira, Vila Viçosa, Medicina,
  • 1639, Manuel de Moreira, Vila Viçosa, Medicina
Archivo Histórico Provincial e Universitário de Valladolid». In Estudantes Alentejanos na Universidade de Valladolid, 1567-1640 de Isabel Maria Ribeiro Mendes

Cortesia de panosso 

Cortesia de Isabel Maria Ribeiro Mendes/Universia/JDACT