segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Barcelona. Catedral de Santa Maria Del Mar: «Século XIV. A cidade de Barcelona vive a sua época de maior prosperidade; cresceu em direcção a Ribeira, o bairro dos pescadores, cujos habitantes decidem construir, com o dinheiro de uns e o esforço de outros, o maior templo mariano jamais visto: Santa Maria de la Mar»

Cortesia de flickr  

Barcelona, Catedral de Santa Maria Del Mar
Santa Maria Del Mar é considerada um dos mais belos templos erguidos na Idade Média. A sua maior virtude, é ter sido construída num período ininterrupto de 55 anos, sob uma só influência arquitectónico que a torna no expoente máximo do gótico catalão. No seu interior é possível sentir o espírito que Berenguer de Montagut, o seu arquitecto e mestre de obras, tentou imprimir-lhe:
  • a igreja do povo, construída pelo povo e para o povo.
A igreja foi construída no bairro da Ribeira, que, a princípio, era somente a morada de pescadores, estivadores e todo tipo de gente humilde. O bairro tornou-se próspero e a antiga igreja romana onde os pescadores veneravam a sua Virgem ficou pequeno demais para os paroquianos abastados. Os esforços económicos da Igreja barcelonesa e da realeza, nessa altura, concentravam-se unicamente na reconstrução da catedral da cidade.

Cortesia de sobreespana

Unidos pela devoção, os paroquianos de Santa Maria do Mar dão início as obras da construção daquele que deveria ser o maior monumento à Virgem Maria., em 25 de Março de 1329, com o consentimento de Afonso IV de Aragão, o Benigno. Tal facto é atestado por uma placa comemorativa localizada numa das fachadas do edifício. Por volta de 1350, as paredes, as capelas laterais e a fachada foram terminadas. Treze anos mais tarde, em 1373, um terramoto assolou Barcelona e derrubou o campanário da igreja. Quando faltava concluir o quarto trecho das abóbadas, um terrível incêndio devastou Santa Maria, reduzindo a cinzas a sacristia, o coro, os órgãos, os altares e tudo mais que não fosse de pedra. O esforço e o dinheiro do povo foram destinados a tudo que o fogo tinha consumido.

Em 3 de Novembro de 1383, foi colocada a última parte da abóbada, que levava o escudo da junta de obras em honra de todos os cidadãos anónimos que contribuíram para a sua edificação, e, finalmente, em 15 de Agosto do ano seguinte, a igreja de Santa Maria do Mar foi inaugurada.

Na construção da igreja foram muito activos os burgueses, e trabalhadores do bairro da Ribeira, que contribuíram com o financiamento e com o trabalho gratuito. Assim, a imponente igreja testemunha o florescimento da zona da Ribeira ao longo dos séculos XIII e XIV. Ao longo do tempo a igreja foi decorada com muitos altares que terminaram destruídos num incêndio em 1939.
Nesta igreja encontra-se a lápide sepulcral de Pedro de Coimbra, Condestável de Portugal e rei de Aragão por um breve período, entre 1463 e 1466.

Cortesia de peregrinatrix  

A basílica é o primeiro exemplo do estilo gótico catalão. No interior, tudo foi bem calculado:
  • a distância entre as 16 colunas octogonais que sustentam o tecto é idêntica;
  • as duas naves laterais medem exactamente metade da nave central;
  • a largura e a altura total coincidem.
«Século XIV. A cidade de Barcelona vive a sua época de maior prosperidade; cresceu em direcção a Ribeira, o bairro dos pescadores, cujos habitantes decidem construir, com o dinheiro de uns e o esforço de outros, o maior templo mariano jamais visto: Santa Maria de la Mar». In Ildefonso Falcones.





Cortesia de Ildefonso Falcones/JDACT