quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Stuart Carvalhais: Caricaturista, humorista, ilustrador, pintor e autor de banda desenhada. Notabilizou-se com a criação das histórias de banda desenhada do Quim e Manecas

(1887-1961)
Vila Real
Cortesia de cimitan

José Herculano Stuart Torrie de Almeida Carvalhais, mais conhecido por Stuart Carvalhais, foi um pintor, e autor de banda desenhada.
Stuart Carvalhais é considerado o pai da banda desenhada em Portugal. O primeiro desenho, Cenas de Rua, é publicado no jornal O Século.

Cortesia de lambiek
A sua primeira banda desenhada, Quim e Manecas, é publicada pela primeira vez em 1915, no suplemento humorístico do jornal O Século. Estas personagens dão origem ao primeiro filme cómico, com o mesmo nome, apresentado em 1916, onde Stuart Carvalhais interpreta o pai de Manecas.
As histórias de Quim e Manecas serão publicadas até 1953. Paralelamente, Stuart Carvalhais teve, também, um papel de destaque no teatro português, nomeadamente o de revista, onde trabalhou como cenógrafo e figurinista.
Ao longo da sua vida, Carvalhais publicará os seus trabalhos em diversos jornais, dos quais se destacam A Batalha, o Diário de Notícias, o Diário de Lisboa, o Diário Popular e o jornal A Bola; e em revistas como a Sátira (publicação humorística), Repórter X, Ilustração Bertrand, Kino, Pica-Pau e Cara Alegre.

Cortesia de tipografos
Em 1949, Stuart Carvalhais recebe o prémio Domingos Sequeira.

http://www.flickr.com/photos/gatochy/sets/72157594242087324/

«O seu génio criativo permitia-lhe desenhar, com um traço instintivo, rápido e decidido, sob qualquer superfície (guardanapos, papel velho, cartão...) e com qualquer tipo de material (graxa, carvão, vinho, borra de café ou com fósforos!), tendo deixado uma obra de incalculável valor e extensão, pois sempre foi dispersando as centenas de trabalhos que realizou. Modesto como muito poucos, afirmou sobre si "[...] mas ser artista é ter talento, possuir garra, ser condecorado. [...] Eu não, nunca pintei nada [...], faço bonecos, para distrair a fome. [...] Artistas são os outros [...]." in República, 13 de Dezembro de 1940. De facto, Stuart tinha pena de não poder dedicar-se à pintura, mas o seu trabalho anárquico não lhe permitiu ter condições para prosseguir carreira de pintor, produzindo desenhos com extraordinária rapidez e facilidade, consoante as necessidades da bolsa. No entanto, apesar dos apertos económicos por que passou (pela vida desregrada que teve), nunca se lhe ouviu lamúrias nem regateava o preço que lhe pagavam pelos desenhos, sendo este desprendimento materialista marcado pelos muitos desenhos e gravuras que sempre foi, generosamente, oferecendo. Para além de divertir o público com os desenhos que apareciam nos jornais, revistas ou livros, quem com ele privou é unânime em afirmar que na vida pessoal sempre foi uma pessoa de trato muito divertido, sendo mais que muitas as anedotas reais que se passaram consigo. Apesar de grande parte do meio intelectual do seu tempo o olhar com desdém, o grande escritor que foi Aquilino Ribeiro definiu-o na perfeição: "O grande e pobre Stuart".
Para além da caricatura, da ilustração e, com menor produção, da pintura, Stuart notabilizou-se com a criação das célebre e duradouras histórias aos quadradinhos (BD) Quim e Manecas, que apareceram em 1915, em O Século Cómico.
Cortesia de diasquevoam
A extraordinária qualidade narrativa e plástica da série, protagonizada por dois irrequietos miúdos, corresponde a um caso raro de longevidade nas histórias aos quadradinhos em Portugal (se bem que com diferentes fases e passando por O Século, pela Ilustração Portuguesa, por Os Sports, pelo Sempre Fixe, pelo Diário de Lisboa e acabando no Cavaleiro Andante, em 1953), mais dadas a histórias completas ou a séries de curta duração. Por outro lado, esta série, constituída por mais de 500 episódios, foi das primeiras bandas desenhadas a utilizar balões em toda a Europa.
A enorme popularidade dos dois petizes foi associada à produção de um filme (datado de 1916, de que se perdeu o rasto), a novelas, jogos, brinquedos e publicidade. A série Quim e Manecas, numa curta fase (1939-1940), passou a designar-se Manecas e João Manuel, tendo aparecido no Sempre Fixe, um semanário humorístico que marcou o humor possível durante o Estado Novo. Realizou ainda, esporadicamente, bandas desenhadas como "Cocó, Reineta e Facada", entre outras divertidas personagens».
In Infopédia. Stuart Carvalhais. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-10-07]. Disponível na www: .

Cortesia de revistaantigaportuguesa
Para uma aproximação ao tema deste percurso, a primeira sugestão vai para uma visita à Bedeteca de Lisboa, a única biblioteca pública do país dedicada à banda desenhada e à ilustração. Aí pode encontrar uma selecção de títulos para constituir uma biblioteca mínima de banda desenhada, nacional e estrangeira, entre outros recursos em linha. Além de notícias actualizadas do mundo da BD e da ilustração, a Bedeteca dispõe de uma folha informativa electrónica e são várias as hiperligações sugeridas ao nível de autores, ilustradores e festivais.

Morre aos 73 anos de idade.
 
Cortesia de camilo20
 
Cortesia de wikipédia/Infopédia/Instituto Camões/JDACT