quarta-feira, 6 de outubro de 2010

64º Aniversário do Serviço Meteorológico Nacional: Tema escolhido «O Risco de Desastres Naturais em Portugal»

Convite Pessoal
Cortesia do IM, IP

Celebração do 64º Aniversário da criação do Serviço Meteorológico Nacional
Instituto de Meteorologia, IP, 6 de Outubro de 2010
Adérito Serrão
Presidente do CD do IM, IP

«Este ano, para comemorar o 64º Aniversário do Serviço Meteorológico Nacional, escolhemos como tema
O Risco de Desastres Naturais em Portugal, assunto que será abordado nesta sessão bem como na exposição e visitas guiadas ao Instituto que durante o resto da semana disponibilizamos às escolas e ao público em geral. Como é sabido, os desastres naturais resultam de uma interacção entre fenómenos meteorológicos, climáticos e sísmicos severos e as características de vulnerabilidade das sociedades a esses fenómenos, podendo conduzir à destruição de infra-estruturas ou da própria vida humana. O número de desastres reportados, de pessoas afectadas e o valor dos prejuízos deles resultantes, têm vindo a aumentar, principalmente durante as últimas décadas do século passado e início do século XXI.
Situados neste século, só em 2005, ano em que o ciclone tropical Katrina afectou os EUA, e de acordo com o Centro para a Investigação da Epidemiologia dos Desastres (CRED) foram reportados mais de 450 desastres de grande dimensão afectando mais de 200 milhões de pessoas e causando prejuízos superiores a 210 mil milhões de dólares.
Ainda de acordo com o CRED, e agora situando-nos em Portugal, o fenómeno que mais mortes causou no passado recente foi a onda de calor de Agosto de 2003, e o que causou maiores prejuízos foi a cheia naMadeira em Fevereiro de 2010. No entanto, é reconhecido que os fogos florestais são, em termos de prejuízos acumulados, o fenómeno que apresenta maior impacto sócio-económico e tem apresentado uma maior recorrência nos últimos anos. Na última década, ainda de acordo com o CRED, os desastres naturais reportados em Portugal quase triplicaram, devido principalmente ao incremento verificado nos fogos florestais, cheias e ondas de calor.
Só em 2009 foram previstas três centenas e meia de situações, a nível de distrito, de precipitação, vento ou temperatura significativamente acima dos valores normais, que originaram avisos do nosso Centro de Vigilância e Previsão do Tempo, tendo este ano jâ sido emitidos 335 igualmente a nível distrital.
Esta situação em Portugal e no resto do Mundo, associada a um expectável aumento dos fenómenos meteorológicos extremos devido às alterações climáticas, tomou a redução do impacto dos desastres naturais um assunto da máxima importância, discutido em vârios Encontros Internacionais.

Estações Meteorológicas em 1910
Cortesia de IM, IP
Neste quadro, foi escolhido para discussão hoje este tema tendo em conta a missão do IM enquanto Serviço Meteorológico Nacional na aquisição, arquivo e processamento de informação meteorológica, climática e sísmica, designadamente de fenómenos extremos, que podem originar desastres naturais, com impactos económicos e sociais graves, e na sua divulgação aos membros do Sistema Nacional de Protecção Civil e à população em geral. O papel do IM, enquanto primeiro e único emissor de avisos de possível ocorrência de fenómenos extremos, através de uma monitorização contínua do tempo e do clima, é bem conhecido pela sociedade e é o Instituto considerado como prestador de um serviço essencial. Para ir, cada vez mais com maior fiabilidade, ao encontro dos interesses dos cidadãos e operadores económicos.
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Na previsão específica do risco de incêndio florestal, através de índice diariamente produzido no IM, registou-se no corrente ano uma taxa de acerto bastante aceitável e crê-se que ajustada às necessidades do dispositivo operacional de prevenção e combate, sendo que na previsão entre Maio e Agosto do corrente ano a taxa foi superior a 95%, considerando a classe de risco prevista e a mais próxima. O processo, em curso, de instalação de dois radares, um no Norte do território do Continente e outro no arquipélago da Madeira, será também um contributo para o reforço da capacidade de monitorização e acompanhamento de fenómenos extremos, pelos Centros de Vigilância e Previsão de Tempo do IM. Esta melhoria na capacidade instalada para a previsão no muito curto-prazo do desenvolvimento de eventos extremos, está perfeitamente enquadrada na gestão do risco, entendido este como a probabilidade de ocorrência de destruição de infra-estruturas ou de vidas humanas no tempo, como atrás referi.
Sendo um dos factores do risco de desastre natural a frequência da ocorrência dos fenómenos naturais que provocam, o papel dos serviços meteorológicos nacionais, e em Portugal do IM, é fundamental para garantir uma efectiva gestão dos mesmos.
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Boletim Meteorológico de 4ª Feira, 5 de Outubro de 1910, às 9 h
Cortesia do IM, IP
Ainda na área dos riscos, no domínio científico, o IM além de continuar a investigação que tem vindo a desenvolver nas áreas das secas, fogos florestais, ondas de calor, vento forte e precipitações intensas, está igualmente a promover investigação na área das alterações climáticas, designadamente no domínio dos cenários, em colaboração com Universidades nacionais e outras instituições afins, nacionais e estrangeiras.
Sendo o estabelecimento de parcerias, um eixo prioritário do IM para assegurar o aproveitamento de sinergias existentes, o Instituto integra ainda neste domínio, a nível nacional, o Consórcio Riscos, o qual esperamos que tenha, num futuro próximo, o desenvolvimento desejado, ainda que porventura condicionado por restrições orçamentais que o Instituto e os seus parceiros venham a sentir nos próximos anos e que já se antecipam como uma realidade em 2011.
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A concluir, quero aproveitar esta oportunidade de celebração de mais um aniversário do Serviço Meteorológico Nacional (SMN - INMG - IM - IM,IP) para saudar todos aqueles que a nível nacional participaram na evolução da meteorologia em Portugal, nomeadamente os antigos e actuais colaboradores do IM, que contribuíram e contribuem para a qualidade dos serviços hoje prestados e para a capacidade de adaptação contínua do IM às necessidades da sociedade.
Num tempo negativamente influenciado por uma crise financeira, com impactes orçamentais significativos nas instituições públicas portuguesas, são as Pessoas o activo mais importante a valorizar e preservar, na motivação para um serviço de missão de qualidade.
No IM contamos com todos que nesta Casa trabalham e, sobretudo, com o seu espírito empenhado de bem servir, na continuidade da acção dos que nos precederam no serviço Meteorológico Nacional. Celebramos o passado, servindo no presente com os olhos postos na construção do futuro.
Muito obrigado». In Adérito Serrão, Presidente do CD do IM, IP.
Cortesia do IM, IP

Oradores:
  • Pedro Viterbo (IM, IP), Riscos - Meteorologia e Clima;
  • Maria do Céu Almeida (LNEC), Alterações Climáticas e gestão adaptativa da água em meio urbano;
  • Xavier Viegas (UC, ADAI), Estudo da propagação dos Incêndios Florestais: 25 anos de colaboração com o Instituto de Meteorologia;
  • Patrícia Pires (ANPC), Riscos Naturais em Portugal - uma perspectiva da Protecção Civil.
Em próxima oportunidade apresentarei as conclusões.

Cortesia do IM, IP/JDACT