domingo, 29 de agosto de 2010

O Museu Calouste Gulbenkian: A Arte do livro

Cortesia da FCG

Instruções de Marino Grimani a Zuanne Lippomano
A encadernação que reveste o texto manuscrito sobre velino é decorada à maneira oriental, com enquadramentos em relevo, que se entrelaçam, formando compartimentos entalhados. A superfície destes compartimentos, que se desenvolvem a partir de medalhões centrais circulares, está coberta de madrepérola, ornamentada por elegantes ramagens e florões. No plano superior, o medalhão central é decorado com o leão alado de São Marcos, segurando um livro, símbolo da cidade de Veneza, enquanto no plano inferior o espaço correspondente é preenchido pela representação das armas de Lippomano.

Veneza, século XVI, 1 Vol. in-4º
Velino, 24 x 17 cm, Inv.º L.A. 151
Costesia da FCG
Na lombada, junto do pé, um cordão entrançado suspendia a bula dogal, agora inexistente. Nesta peça é patente o esplendor que a arte da encadernação alcançou na Veneza renascentista, sobretudo graças ao contacto com novas técnicas e novos motivos ornamentais trazidos do Oriente.

Flavii Iosephi Opera 
Esta colectânea da obra do historiador grego, Flavius Josephus (século I), pertenceu a Marcus Fugger, grande mecenas das artes e membro de uma importante família de mercadores-banqueiros alemães.
À semelhança de outros livros que Maccus Fugger mandou encadernar em Paris, nos começos de 1550, também este exemplar se reveste de uma encadernação profusamente decorada e por ele assinada na contracapa superior. Sobre um fundo de marroquim verde escuro ponteado a ouro, desenvolve-se uma composição de ramagens e bandas coloridas, delimitadas por filetes dourados, que se entrelaçam em torno de uma cartela central com as armas dos Fugger. A lombada, sem nervos, com coifas reforçadas à la grecque, apresenta os mesmos ornamentos dos planos. Os três cortes, de acordo com o gosto renascentista, são dourados, cinzelados e pintados.
Magnífico exemplo do livro do Renascimento, este volume é bem o testemunho do interesse dos humanistas pelos textos dos autores clássicos e pelo livro como objecto de arte.

Encadernação em marroquim, Paris, c. 1550
Basileae: Froben, 1544, Papel, 968 pp
34 (34,2) x 23 cm, Inv.º L.A. 251
Cortesia da FCG


Cortesia da FCG/JDACT