sábado, 28 de agosto de 2010

Camões e a Infanta D. Maria: Parte I, «Ó meus altos pensamentos, Quão alto que vos pusestes. E quão grande queda destes!». Camões, Redondilhas

(1521-1577)
Cortesia de publicacoes.foriente

Com a devida vénia a José Maria Rodrigues, (3 1761 06184643 2), Coimbra, 1910.  

Entre as encantadoras redondilhas de Camões figuram as duas voltas ao mote:

Perdigão perdeo a penna",
Não ha mal que lhe não venha.

Dizem elas, num tom de acentuada melancolia:

Perdigão, que o pensamento
Subio a um alto logar,
Perde a penna do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar, nem no vento,
Asas com que se sostenha.
Não ha mal que lhe não venha !
Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado ;
E vendo-se depennado.
De puro penado morre.
Se a queixumes se soccorre,
Lança no fogo mais lenha.
Não ha mal que lhe não venha !

O pobre perdigão depenado, que nem ao menos se podia queixar, sem lançar mais lenha no fogo, sem agravar a sua situação, era o próprio Camões. O alto lugar até onde subiu o seu pensamento, a alta torre a que quis voar, era uma das mais nobres e mais simpáticas figuras femininas que têm vivido sob este belo Sol de Portugal: era a filha mais nova del-rei D. Manuel, a infanta D. Maria (1).

Cortesia de arscives
Como o genial doido, que tanto sofreu e tanto fez sofrer com os seus erros, com a sua má fortuna (2), como o genial doido, ao comparar-se com o perdigão desasado, se devia recordar, com amarga saudade, do tempo, não muito afastado, em que julgava pôr o pensamento em tão alto lugar!

Num tão alto lugar, de tanto preço,
Este meu pensamento posto vejo,
Que desfalece nele inda o desejo,
Vendo quanto por mi o desmereço.
Quando esta tal baixeza em mi conheço,
Acho que cuidar nele é grão despejo,
E que morrer por ele me é sobejo
E mór bem para mi, do que mereço.
O mais que natural merecimento
De quem me causa um mal tão duro e forte,
O faz que vá crescendo de hora em hora.
Mas eu não deixarei meu pensamento,
Porque, inda que este mal me cause a morte,
Un bel morir tutta la vita honora.
(Soneto 282).

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(1) É muito interessante a monografia da Sra D. Carolina Michaelis de Vasconcellos a respeito da infanta D. Maria de Portugal (1521-1577) e as suas damas (Porto, 1902). Dela transcrevo aqui a seguinte passagem: «De sangue real, herdeira da coroa, se não morresse um ano antes da catástrofe de Alcácer-Quibir, pertence à história e teve biógrafos conscienciosos. Em criança e na flor da idade viu refulgir diante de seus olhos a coroa de França; foi escolhida repetidas vezes para o trono imperial — orbis destinata império — e outras tantas para o império de Espanha. Acariciando sempre, no intimo do coração, este ultimo projecto, ficou ainda assim innupta, uma triste sempre-noiva. Este estado tragicómico que lhe foi imposto, mas que afinal aceitou com sublime altivez, aparentando tê-lo escolhido livremente, despertou a dolente simpathia dos coevos. E ainda hoje é capaz de suscitar a dos posteros» (pag. 4).
(2) Basta citar por agora os sonetos 27 e 193:
Males, que contra mim vos conjurastes,
Quanto ha de durar tão duro intento ?
Se dura, porque dure meu tormento,
Baste-vos quanto já me atormentastes.
Mas, se assi porfiais, porque cuidastes
Derribar o meu alto pensamento,
Mais póde a causa delle, em que o sustento,
Que vós, que delia mesma o ser tomastes.
E, pois vossa tenção com minha morte
É de acabar o mal destes amores,
Dai já fim a tormento tão comprido.
Assi de ambos contente será a sorte:
Em vós, por acabar-me, vencedores;
Em mim, porque acabei de vós vencido.

Erros meus, má fortuna, amor ardente.
Em minha perdição se conjuraram.
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que para mi bastava amor somente.
Tudo passei. . . Mas tenho tão presente
A grande dôr das cousas que passaram,
Que já as frequências suas me ensinaram
A desejos deixar de ser contente.
Errei todo o decurso de meus annos ;
Dei causa a que a fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
De amor não vi senão breves enganos.
Oh ! Quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro genio, de vinganças!

O desvairado sonhador queria tanto ao seu pensamento que se julgaria feliz morrendo por ele. E com que enlevo não repetiria, a cada passo, o belo verso de Petrarca! Com que intensidade não sentiria o conceito nele expresso! O cantor de Laura nunca teve, por certo, quem, neste ponto, melhor o interpretasse.
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Continuando:

Como se desvaneceu num momento, e foi substituído pela triste realidade, o doce sonho de que seria amado pela infanta!

Doce sonho, suave e soberano,
Se por mais longo tempo me durára!
Ah! quem de sonho tal nunca acordára,
Pois havia de ver tal desengano!
Ah! deleitoso bem! ah ! doce engano!
Se por mais largo espaço me enganára!
Se então a vida misera acabára,
De alegria e prazer morrera ufano.
Ditoso, não estando em mi, pois tive.
Dormindo, o que acordado ter quisera.
Olhae com que me paga o meu destino !
Emfim, fóra de mim ditoso estive.
Em mentiras ter dita razão era,
Pois sempre nas verdades fui mofino.
(Soneto 279).

Mais tarde, depois de ter chegado o cruel desengano, seguido de tantos trabalhos e de tantos sofrimentos, — mais tarde, com que dolorosa impressão não seria relido pelo atribulado poeta aquele audacioso soneto 129, escrito num estado de verdadeira alucinação:

Crescei, desejo meu, pois que a ventura
Já vos tem nos seus braços levantado;
Que a bella causa de que sois gerado
O mais ditoso lim vos assegura.
Se aspiraes por ousado a tanta altura,
Não vos espante haver ao sol chegado,
Porque é de águia real vosso cuidado.
Que, quanto mais se sobe (1), mais se apura.
Animo, coração ! que o pensamento
Te pode inda fazer mais glorioso.
Sem que respeite a teu merecimento.
Que cresças inda mais é já forçoso.
Porque, se foi ousado o teu intento.
Agora de atrevido é venturoso.

Quantas lágrimas não teria evitado o grande devaneador, se em seu espírito houvesse prevalecido a sensata consideração, expressa no final do soneto 137!

O filho de Latona esclarecido,
Que, com sei raio, alegra a humana gente,
Matar pôde a Pythonica serpente,
Que mortes mil havia produzido.
Ferio com arco e de arco foi ferido.
Com ponta aguda de ouro reluzente.
Nas Thessalicas praias docemente
Por a nympha Penea andou perdido.
Não lhe pôde valer contra seu dano
Saber, nem diligencias, nem respeito
De quanto era celeste e soberano.
Pois se um deos nunca vio nem um engano
De quem era tão pouco em seu respeito.
Eu que espero de um ser, que é mais que humano!

A ardente paixão do tresloucado poeta pela formosa, instruída e sisuda filha do Rei Venturoso constitui, como a priori se pôde presumir, o ponto culminante da sua atormentada vida. Dessa paixão derivaram factos que ainda não foram cabalmente explicados. É, além disso, ela que nos ministra, por assim dizer, a chave da maravilhosa obra lírica de um dos maiores poetas de todos os tempos.
Recorrendo ao Parnaso (2) do imortal Camões, verdadeiro diário da sua alma apaixonada, vou procurar fornecer alguns elementos para o capítulo mais importante da nossa história literária.
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(2) Informa Diogo do Couto : «E aquelle inverno que (Camões) esteve em Moçambique... foi escrevendo muito em um livro que ia fazendo, que intitulava Parnaso de Luiz de Camões, livro de muita erudição, doutrina e philosophia, o qual lhe furtaram. E nunca pude saber no reino delle, por muito que o inquiri. E foi furto notável». (Década VIII, c. 28). Seja-me permittido dar o nome de Parnaso ás admiráveis composições lyricas que nos restam do genial poeta e suppôr que foi elle próprio que fez correr lhe haviam sido furtadas. Uma boa parte dellas, com effeito, não podiam, sem grave escândalo, ser publicadas durante a vida, quer da infanta, quer mesmo do poeta. Não pretendo, porém, com isto dizer que possuamos hoje toda a lyra de Camões. E a que nos resta foi baralhada, a meu ver, intencionalmente e pelo próprio poeta.
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Lisboa, no século XVI
Cortesia de biclaranja
Em Lisboa
Cronologicamente, a primeira poesia em que Camões se ocupa da filha de D. Manuel é, me parece, o soneto 134. Apresentado à excelsa e gentil senhora e por ela afavelmente acolhido, o modesto escudeiro ficou deslumbrado! No dia seguinte, o seu amigo João Lopes Leitão, pagem da lança do malogrado príncipe herdeiro, e pessoa muito apreciada na corte, recebia estas confidências:

Senhor João Lopes, o meu baixo estado
Ontem vi posto em grau tão excellente,
Que, sendo vós inveja a toda a gente,
Só por mi vos quiséreis ver trocado.
O gesto vi, suave e delicado,
Que já vos fez contente e descontente (3),
Lançar ao vento a voz tão docemente,
Que fez o ar sereno e sossegado.
Vi-lhe em poucas dizer quanto
Ninguém diria em muitas… Mas eu chego
A espirar, só de ouvir a doce fala!
Oh! Mal haja a Fortuna e o Moço cego!
Elle, que os corações obriga a tanto!
Ella, porque os estados desiguala!
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(3) O poeta alude, naturalmente, a algum facto análogo (se não é o mesmo) ao que deu ocasião a uns conhecidos versos de Andrade Caminha e á resposta de Lopes Leitão. Diz a rubrica, que precede esses versos: «A João Lopes Leitão, estando preso em sua casa, por entrar uma porta a ver as damas contra vontade do porteiro». P. de Andrade Caminha, Poesias, p. 36, (Lisboa, 1791). Eis como termina a resposta do jovial amigo de Camões:

Estou-me agora doendo
De quem tiver para si
Que é melhor andar vendo
Verduras, que estar aqui.

Ninguém haja dó de mi.
Por me ver nesta prisão;
Hajam de meu coração.
Que vê tanto dano em si.
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Para bem se compreender a impressão sentida pelo jovem poeta, que bebera

O veneno amoroso de menino, (Canção II, V. 65)

e que já então se tinha na conta de galanteador emérito, que roubava vontades alheias e as matava com amor, que não tinha (1), para bem se compreender, digo, a impressão sentida pelo jovem, mas já afamado poeta, transcreverei algumas passagens de obras e documentos coevos e de escritores modernos, as quais constituem o melhor comentário ao soneto que fica reproduzido, especialmente aos versos 5 a l0.
Começarei pela informação que, em carta de 21 de Janeiro de 1557, enviava a Carlos V o seu embaixador, D. Sancho de Córdova, que tinha vindo a Lisboa tratar da entrega da filha de D. Manuel a sua mãe, a rainha D. Leonor, já então viúva também de Francisco I. Repare-se que o diplomata espanhol chega até a empregar palavras que também se leêm no soneto. «(La senora Infanta) es persona de grande entendimiento y cordura, y mui reposada, y de pocas palabras y bien dichas y de las valerosas personas que he visto».

Catorze anos mais tarde, em 1571, recebia a infanta a visita do cardeal Alexandrino, legado e sobrinho de Pio V. Eis como um dos membros da comitiva do prelado romano começa a narrativa dessa visita : «Tendo anoitecido, acompanhados com vinte tochas adiante fomos ao palácio da infanta D. Maria, irman de D. João III, a qual, tendo ficado orphan em tenra edade, não quis jamais casar, posto que fosse robusta, formosa e procurada. Era alta e teria de edade cincoenta annos, posto que não pareça á primeira vista».

Agora o testemunho de Jorge Ferreira de Vasconcellos, que teve muitas ocasiões de ver a infanta. Ao dar pormenorizada noticia do célebre torneio, realizado em Xabregas, no ano de 1552, diz o escritor cortesão que «a infanta D. Maria…. se mostrava a fermosa Minerva, com que pôde contender com divida confiança, assi em rara gentileza e sotil engenho, como toda outra sobre humana perfeyção.
Vejamos agora o que se lê em duas obras modernas. O conde de Vila Franca, que preparava um estudo acerca da filha de D. Manuel, apresenta-no-la assim : «Alta, de esplêndidas formas, elegantíssima,... alliava á gentileza majestática do porte, denotando grande energia e isenção de caracter, uma formosura suavissima, bem revelada na alvura da pelle, no azul celeste dos olhos vividos e na cor loira dos cabellos que lhe coroavam de ouro a espaçosa e ampla fronte, onde o talento espontâneo evidentemente se espandia. Este talento era ainda abrilhantado por muita erudição, incessante amor ao estudo e ininterrupto trato, não já com os livros clássicos, senão ainda com os múltiplos escritos do tempo, considerado, como se sabe, a idade de ouro da literatura portuguesa».

Transmitindo-nos as suas impressões a respeito do retrato da infanta, existente em Madrid, no museu do Prado, e executado pelo celebre pintor António Moro, escreve a Sra D. Carolina Michaelis de Vasconcellos: «D. Maria contava então trinta annos... Chegada apparentemente ao termo dos seus desejos,… officialmente desposada ao futuro senhor do immenso império hispânico, a princesa fulgurava como nunca dantes, em toda a plenitude das suas faculdades, em todo o esplendor da sua gentileza majestática, acariciando a fugidia esperança de ver afinal acabadas as intrigas intermináveis e deprimentes de que fora alvo. Ainda assim, Antonio Moro não pôde varrer completamente as sombras de uma dolorosa meditação d'aquella testa alta, espaçosa e geralmente plácida. E que, entristecida por repetidas decepções, a filha de D. Manuel mal ousava dar credito ás mais solemnes promessas. Como symbolo de magoas, fora envolvendo o rosto gracioso, de feições tão regulares e puras, e parte do formoso cabello, castanho-claro ou louro-escuro, que o emmoldura, num veo ténue que desce ao peito. A mão direita, de afilados dedos aristocráticos, segura uma pérola que lhe serve de firmal. Uma lagrima reprimida ? Talvez. Todavia o pintor vio e reproduziu apenas uns olhos azues muito limpidos, com expressão serena e franca, suavemente perscrutadora, nos quaes se reflecte uma intelligencia lúcida, altiva rectidão e principalmente um coração valente. Aos lábios finos, cerrados por inviolável sigillo, e ao terço inferior da cabeça não falta energia... O trage, cujos tons sombrios dão realce á singular alvura das mãos e do rosto, finamente modelado, está em harmonia, na sua singeleza distinctissima, com a nobreza natural do porte e com a melancholica suavidade da physiognomia»

Releia-se o soneto 134 e, dada a compleição amorosa do moço poeta, veja-se como está bem traduzida a impressão que nelle devia ter produzido o gesto suave e delicado da filha do Rei Venturoso, a doce falla da gentil senhora, que então se achava na plena posse de todas as suas graças femininas, aureoladas pelo prestigio da ascendência real.
……………….Eu chego
A espirar, só de ouvir a doce fala!

exclama Camões, pondo em confronto o seu baixo estado com a amabilidade com que fora recebido por tão elevada personagem. E o predestinado do amor, em quem

As lagrimas da infância já manavam
Com uma saudade namorada,
(Canção II, 52-53)

O predestinado do amor não pôde conter-se que não se queixe do moço cego e da fortuna. Daquele, porque a doce fala da infanta o deixou como morto; desta, porque lhe não permite amar quem tão profundamente lhe havia abalado o coração.

Oh! Mal haja a Fortuna e o Moço cego!
Elle, que os corações obriga a tanto!
Ella, porque os estados desiguala!

Poucos dias depois, dominado por estas ideias, o poeta foi assistir ás solenidades da semana santa na igreja do mosteiro de Santa Clara, onde tinha a certeza de ver a infanta. Com um simples olhar da angélica figura, que

Parece... tinha forma humana,
Mas scintilava espíritos divinos,
(Canção II, 75-76)

ficou cego de todo!

Todas as almas tristes se mostravam
Pela piedade do Feitor divino.
Onde, ante seu aspecto benino,
O devido tributo lhe pagavam.
Meus sentidos então livres estavam
(Que até hi foi constante seu destino),
Quando uns olhos, de que eu não era dino,
A furto da razão me salteavam.
A nova vista me cegou de todo!
Nasceo do descostume a estranheza
Da suave e angélica presença.
Para remediar-me não ha hi modo?
Oh! Porque fez a natureza humana
Entre os nascidos tanta differença?
(Soneto 303).

Ficou cativo, com a razão perturbada:

O culto divinal se celebrava
No templo, donde toda a creatura
Louva o Feitor divino, que a feitura
Com seu sagrado sangue restaurava.
Amor ali, que o tempo me aguardava
Onde a vontade tinha mais segura.
Com uma rara e angélica figura
A vista da razão me salteava.
Eu, crendo que o lugar me defendia
De seu livre costume, não sabendo
Que nenhum confiado lhe fugia,
Deixei-me captivar. Mas hoje, vendo,
Senhora, que por vosso me queria.
Do tempo que fui livre me arrependo.
(Soneto 77).

Ficou como o passarinho, morto por traiçoeiro caçador:

Está o lascivo e doce passarinho
Com o biquinho as pennas ordenando,
O verso sem medida, alegre e brando.
Despedindo no rústico raminho.
O cruel caçador, que do caminho
Se vem, calado e manso, desviando.
Com pronta vista a seta endireitando,
Lhe dá no Estygio lago eterno ninho.
Desta arte o coração, que livre andava.
Posto que já de longe destinado.
Onde menos o temia, foi ferido,
Porque o frecheiro cego me esperava,
Para que me tomasse, descuidado,
Em vossos claros olhos escondido.
(Soneto 30).

Havia certo, um obstáculo que, desde logo, se apresentaria ao poeta como insuperável —o abismo entre a sua situação e a da infanta:

Oh! Porque fez a natureza humana
Entre os nascidos tanta differença!

Mas a voz da razão foi suplantada pelo mágico fulgor dos admiráveis olhos azuis da filha de D. Manuel:

Tomou-me vossa vista soberana
Adonde tinha as armas mais á mão,
Por mostrar a quem busca defensão
Contra esses bellos olhos, que se engana.
Por ficar da victoria mais ufana,
Deixou-me armar primeiro da razão.
Bem salvar-me cuidei, mas foi em vão;
Que contra o ceo não vai defensa humana.
Com tudo, se vos tinha promettido
O vosso alto destino esta victoria,
Ser-vos ella bem pouca está intendido.
Pois, inda que eu me achasse apercebido.
Não levais de vencer-me grande gloria:
Eu a levo maior de ser vencido.
(Soneto 36)

De que valia a razão, para que servia o juízo sossegado, em presença de tanta gentileza?


(Continua, numa próxima oportunidade! JDACT)
Cortesia do Arquivo Histórico/Universidade de Coimbra/PQ 9214 R64 1910 C1 Robarts/JDACT