domingo, 4 de julho de 2010

Hipócrates: A ilha grega de Kós. O Pai da Medicina. Entendia que o corpo humano era um todo e não um conjunto de partes independentes. Descreveu pela primeira vez e com detalhes a pneumonia e a epilepsia em crianças

Hipócrates - O Pai da Medicina 
(460 AC-377 AC)
Ilha de Kós, Grécia
Cortesia de wikipédia 

Cortesia de wikipédia
A estreita e montanhosa Kós, a segunda maior ilha do Dodecaneso, é uma mistura de antiguidades fascinantes e turismo de massa. Hipócrates, pai da medicina científica, nasceu aqui no século 5º a.C. As ruínas do complexo de Asklepion, construído após a sua morte para ser um centro de pesquisa e tratamento, é o principal local de visita da antiga ilha. A cidade de Kós está repleta de ruínas helénicas e romanas.

Definiu nos seus «Aforismos» - DOENÇA - como sendo o resultado do desequilíbrio entre os «humores orgânicos» (trisosha); sangue, bile negra e amarela e água (fleuma), associando esses elementos com o temperamento dos indivíduos.
O mais famoso médico grego foi o primeiro a rejeitar o conceito de que as doenças eram causadas por superstições, possessão por espíritos malignos ou pela ira dos deuses passando pela primeira vez na história uma imagem mais científica da medicina.
Entendia que o corpo humano era um todo e não um conjunto de partes independentes. Descreveu pela primeira vez e com detalhes a pneumonia e a epilepsia em crianças. Acreditava que a cura natural ocorria com o repouso, alimentação saudável, ar puro e hábitos de higiene. Observou que a severidade de uma determinada doença comportava-se de forma variável de pessoa para pessoa. Foi o primeiro a defender que as emoções, os sentimentos, o pensamento e as ideias tinham origem no cérebro e não no coração como acreditavam na época.

Estendeu os seus ensinamentos por toda a Grécia, porém na maioria de seu tempo reunia seus discípulos em Kós-Dodekánisos, sob a copa de uma árvore, supostamente plantada por ele mesmo e preservada até hoje onde fundou sua Escola de Medicina.

«Sala de Aula» de Hipócrates na ilha grega de Kós
O famoso Plátano
Cortesia de alzheimermed
Escreveu o célebre «Juramento de Hipócrates» adoptado e respeitado por todos os médicos do mundo até aos dias de hoje. Pela mente surgiu-me, por breves segundos, a sigla CCV.  
Eis o Juramento de Hipócrates:
«Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados. Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça».

Ruínas da Escola de Medicina de Hipocrates
Ilha de Kos
Cortesia de ab-integro 

Cortesia de meumestreinterior
Hipócrates é considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da saúde, frequentemente considerado «pai da medicina». Hipócrates era  membro de uma família que durante várias gerações praticara os cuidados em saúde. Nascido numa ilha grega, os dados sobre sua vida são incertos ou pouco confiáveis. Parece certo, contudo, que viajou pela Grécia e que esteve no Médio Oriente. Nas obras hipocráticas há uma série de descrições clínicas pelas quais se pode diagnosticar doenças como a malária, papeira, pneumonia e tuberculose. Para o estudioso grego, muitas epidemias relacionavam-se com factores climáticos, raciais, dietéticos e do meio onde as pessoas viviam. Muitos de seus comentários nos Aforismos são ainda hoje válidos. Os escritos sobre anatomia contém descrições claras tanto sobre instrumentos de dissecação quanto sobre procedimentos práticos. Foi o líder incontestável da chamada «Escola de Kós». O que resta das suas obras testemunha a rejeição da superstição e das práticas mágicas da «saúde» primitiva, direcionando os conhecimentos em saúde no caminho científico. Hipócrates fundamentou a sua prática (e a sua forma de compreender o organismo humano, incluindo a personalidade) na teoria dos quatro humores corporais (sangue, fleugma ou pituíta, bílis amarela e bílis negra) que, consoante as quantidades relativas presentes no corpo, levariam a estados de equilíbrio (eucrasia) ou de doença e dor (discrasia). Esta teoria influenciou, por exemplo, Galeno, que desenvolveu a teoria dos humores e que dominou o conhecimento até o século XVIII.
Cortesia de História da Medicina/wikipédia/JDACT