quinta-feira, 1 de julho de 2010

Abade de Baçal: Um arqueólogo e historiador. Autodidacta erudito, rústico e pitoresco

(1865-1947)
Baçal, Bragança
Cortesia de ipmuseus
Francisco Manuel Alves, mais conhecido como Abade de Baçal, foi um arqueólogo e historiador português. Nascido numa aldeia do concelho de Bragança, foi ordenado sacerdote em 13 de Junho de 1889, desde então, até a sua morte, tornou-se pároco da sua aldeia natal.
Dedicou a sua vida a recolher testemunhos arqueológicos, etnológicos e históricos respeitantes à região de Trás-os-Montes e, especialmente ao distrito de Bragança. Autodidacta erudito, rústico e pitoresco, os críticos apontam-lhe, contudo, a sua falta de sistematização e poder interpretativo.

Museu Abade de Baçal
Cortesia de mdb
A sua obra principal são as Memórias Arqueológicas-Históricas do distrito de Bragança (1909-1947), em onze volumes, fonte incontornável para o estudo da vida, história e valores do nordeste transmontano. Em 1925 foi nomeado director-conservador do Museu Regional de Bragança, que desde 1935 é designado por Museu do Abade de Baçal em sua homenagem.
Sacerdote secular, arqueólogo e historiador, cursou Teologia no Seminário de Bragança, sendo ordenado presbítero e logo nomeado pároco, ou abade da sua terra natal, por isso que ficou vulgarmente conhecido por Abade de Baçal, embora por vezes assine também Reitor de Baçal.
Cortesia CMBragança
Nunca paroquiou outra freguesia, vivendo uma vida entregue aos cuidados dos paroquianos, à sua lavoura e à investigação arqueológica e histórica, para a qual teve um singularíssimo instinto, sem necessidade de estudos científicos prévios, por isso havendo quem lhe aponte alguma assistematicidade nos estudos.
Obras de Trindade Coelho no Museu de Baçal
Cortesia CMBragança
Independente, modesto e sóbrio, misturado com o povo, foi nomeado (1925) director-conservador do Museu Regional de Bragança que hoje em dia ostenta o seu nome. Absorvido na arqueologia, não descurou os interesses da Igreja, participando nas polémicas que perturbaram a diocese no princípio do século XX, em defesa do seu bispo.
Deu vasta colaboração à imprensa, havendo artigos seus nos mais inusitados periódicos:
  • Alerta;
  • Anuário de Viana do Castelo;
  • A Palavra;
  • A Torre de D. Chama;
  • A voz;
  • O Comércio do Porto;
  • Distrito de Bragança;
  • Gazeta de Bragança;
  • Leste Transmontano;
  • Notícias de Bragança;
  • O Comércio de Chaves;
  • O Bragançano;
  • Diário de Noticias;
  • O Século;
  • O Pirilampo;
  • O Primeiro de Janeiro;
  • Em revistas.
Em 1935 foi alvo de grande homenagem, a atribuição do seu nome ao Museu de Bragança, condecoração com o Grande Oficialato da Ordem de Santiago, inauguração do monumento pelo escultor Sousa Caldas, sobre projecto do arquitecto Januário Godinho. Sócio da Academia das Ciências, da Associação dos Arqueólogos Portugueses, do Instituto Etnológico, vogal da comissão de História Militar e membro de vários intitutos académicos estrangeiros.
Para além das citadas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança.
  • Vols I a IV. Porto, 1909, 1911, 1913 e Coimbra, 1911-1918;
  • Vol. V. Os Judeus. Bragança, 1925;
  • Vol. VI. Os Fidalgos. Porto, 1928;
  • Vol VII. Os Notáveis. Porto, 1931;
  • Vol. VIII. No Arquivo de Simancas. Porto, 1932;
  • Vols. IX e X. Arqueologia, Etnografia e Arte. Porto, 1934; XI. Arqueologia e Etnografia. Porto 1947; Moncorvo, Subsídios para a sua História. Porto, 1908;
  • Castro de Avelãs, Mosteiro Beneditino. Coimbra, 1910;
  • Notabilidades antigas e modernas da villa de Anciães, In Revista de História, V (1916) pp. 364-375 e VI (1917) pp. 74-80; Trás-os-Montes, na Colecção Portugal na Exposição de Sevilha. Lx.ª , 1929;
  • Chaves, Apontamentos arqueológicos. Gaia, 1931;
  • As Terras Bragançanas. Coimbra, 1932;
  • Catálogo dos Manuscritos de Simancas, respeitantes à História Portuguesa. Coimbra, 1933;
  • Lista de Provesende e Sepulcros Luso-Romanos. Lx.ª, 1938;
  • Aforamento de Propriedades em Outeiro na era de 1308, ano de Cristo de 1270. 1940;
  • Correcção de uma notícia errónea dos escritores espanhóis referentes às Guerras de Restauração. Lx.ª 1940;
  • A Restauração de 1640 no Distrito de Bragança, in Anais da Academia Portuguesa de História, 1ª série, III, Lx.ª, 1940;
  • Homenagem a Martins Sarmento. Porto, 1933;
  • O Clássico Frei Lucas de Sousa, Tragédias Marítimas. Notas Inéditas. Porto, 1933;
  • Vinicultura Duriense, Régua, 1938;
  • Achegas para a História Místico criadora de atmosfera propícia à Restauração de 1640, Lx.ª 1939; Epistolrio. Coimbra, 1955;
  • Cartas Inéditas do Abade de Baçal, in Presença, Coimbra, 1965;
  • Vimioso, Notas Etnográficas, Braga, 1968;
  • Cartas a José Montanha, Braga, 1973;
  • Cartas ao Prof. Manuel Maria Chamorro, in Mensageiro de Bragança, n.' 703, 7.2.1958.
O Museu do Abade de Baçal é um museu localizado na cidade de Bragança, Portugal. O museu foi fundado em 1915, instalado no edifício do antigo Paço Episcopal de Bragança, com o nome de Museu Regional de Bragança, em 1935 muda para o nome actual em homenagem ao Abade de Baçal.
Cortesia de mogadouro
O acervo original do museu era constituído por colecções de arqueologia, numismática e peças do recheio do Paço Episcopal. Ao longo dos anos a colecção foi aumentando, especialmente com as dádivas de Abel Salazar e da família Sá Vargas nos anos 30, o legado de Guerra Junqueiro, nos anos 50 e o de Trindade Coelho no início dos anos 60. O museu apresenta actualmente colecções de pintura com quadros de Malhoa, Abel Salazar, um conjunto de cerca de 70 desenhos de Almada Negreiros, escultura, ourivesaria e mobiliário. Em 2001 foi adquirida uma importante colecção de máscaras transmontanas.
(Memórias Histórico_Gaspar Pereira)

Cortesia de wikipédia/CMBragança/JDACT