sexta-feira, 14 de maio de 2010

Monsaraz: Uma das mais antigas vilas de Portugal. A estrutura muralhada continua a predominar a paisagem

Cortesia da CMReguengos de Monsaraz
Monsaraz é uma freguesia portuguesa do concelho de Reguengos de Monsaraz, Distrito de Évora.
Antiga sede de concelho, transferida pela primeira vez em 1838 e definitivamente em 1851 para a então vila de Reguengos de Monsaraz, hoje cidade. É importante não confundir Reguengos de Monsaraz com Monsaraz. São duas localidades distintas separadas por cerca de 15 quilómetros.

A vila de Monsaraz foi conquistada aos mouros, em 1167, pelos homens de Geraldo Sem Pavor. O primeiro foral veio a ser concedido por D. Afonso III, em 15 de Janeiro de 1276. O castelo de Monsaraz desempenhou ao longo dos séculos o papel de «sentinela do Guadiana», vigiando a fronteira com Castela. A vila chegou a administrar três freguesias:
  • Matriz de Santa Maria da Lagoa;
  • Santiago;
  • São Bartolomeu.
Foi sede do concelho até 1838.
Localidade perto do rio Guadiana e ao moderno espelho d’água da Barragem de Alqueva, ergue-se sobre o monte Monsaraz, dominando a vila medieval e a fronteira com a Espanha. A sua arquitectura militar mescla elementos medievais e seiscentistas. Na época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a povoação foi inicialmente conquistada pelas forças sob o comando do lendário Geraldo Sem Pavor (1167). Após a derrota de D. Afonso Henriques  em Badajoz (1169) foi recuperada pelos almóadas sob o comando de Abu Ya'qub Yusuf I (1173), para ser definitivamente conquistada por D. Sancho II , com o auxílio da Ordem do Templo, em 1232, a quem fez a doação destes domínios. Desta época ficou-nos a lembrança do cavaleiro templário Gomes Martins Silvestre, povoador de Monsaraz, cujo túmulo se encontra atualmente na Igreja Matriz de Santa Maria da Lagoa.

Cortesia da CMReguengos de Monsaraz
D. Afonso III, visando incrementar o seu povoamento e defesa, concedeu-lhe Carta de Foral em 1276. Neste período, a acção de povoamento de Monsaraz está ligada à figura do cavaleiro Martim Anes, que foi o alcaide da povoação e do seu castelo, Segundo os relatos históricos, iniciou as obras da nova alcáçova e da primitiva Igreja Matriz de Santa Maria da Lagoa.

Com a extinção da Ordem do Templo em Portugal, todo o património passou para a Ordem de Cristo (1319). A povoação de Monsaraz é estabelercida em Comenda da nova Ordem e na dependência de Castro Marim. Nesta fase, sob o reinado de D. Dinis, tem início a reconstrução da Torre de Menagem (1310) e a ampliação da cerca da vila, estruturas que chegaram aos nossos dias.
No contexto da crise de 1383-1385, a povoação e seu castelo foram atacadas por arqueiros ingleses sob o comando do conde de Cambridge, supostamente aliados de Portugal, vindo a ficar sob o domínio do rei de Castela no Verão de 1385. Mas a autoridade foi reposta pelas tropas leais a D. João I, sob o comando do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, antes da batalha de Aljubarrota. Em 1412, por doação do Condestável a seu neto D. Fernando, Monsaraz passou a integrar os domínios da Casa de Bragança.

Sob o reinado de D. Manuel I, em 1512, o soberano outorgou o Foral Novo à vila.

No contexto da Guerra da Restauração da Independência portuguesa, devido à proximidade com o rio Guadiana e a fronteira da Espanha, o Conselho de Guerra de D. João IV determinou a modernização das suas defesas, envolvendo a vila com muralhas adaptados aos tiros da artilharia da época, recebendo traços abaluartados ao estilo Vauban, com projeto de Nicolau de Langres e Jean Gillot, o Forte de São Bento de Monsaraz.
As fortificações e todo o conjunto intramuros da vila de Monsaraz encontram-se classificados como Monumento Nacional por Decreto publicado em 2 de Janeiro de 1946.

O acesso ao interior muralhado é feito através de quatro portas em cantaria de granito:
  • Porta da Vila, em arco ogival, protegida por dois cubelos semi-cilíndricos, um dos quais coroado pelo campanário do do relógio, comunica a Rua Direita com os arrabaldes. Possui um tecto nervurado e, no cimo da cúpula, um sino fundido pelos estrangeiros Diogo de Abalde e Domingos de Lastra, com data de 1692. Sobre o arco ogival da porta, uma lápide de mármore comemora a consagração do reino de Portugal à Imaculada Conceição (à época da Restauração da Independência), e, no dorso da ombreira, vislumbram-se a vara e o côvado, medidas usadas na época medieval;
  • Porta de Évora, em arco ogival;
  • Porta da Cisterna ou Porta do Buraco, em arco pleno;
  • Porta da Alcoba, em arco pleno.
Embora a planta do Forte de São Bento tivesse sido desenhada em forma estrelada, a morfologia do terreno onde se implanta levou a algumas alterações da planimetria. O forte apresenta três baluartes, parapeito e uma cortina artificial que se estendiae em torno da vila, estando integrada no pano de muralhas a Ermida de São Bento de Monsaraz.
Cortesia da CMReguengos de Monsaraz
 Como complemento, um texto do IGESPAR:
«Considerada uma das mais antigas vilas de Portugal, Monsaraz regista indícios de povoamento desde tempos pré-históricos, sendo inicialmente um castro fortificado. A partir de então foi sendo sucessivamente ocupada até ao período de formação da nacionalidade, sendo conquistada pela primeira vez aos Muçulmanos em 1157. Voltando ao domínio dos almôadas depois de D. Afonso Henriques ter sido derrotado em Badajoz, a povoação viria a ser reconquistada por D. Sancho II em 1232, que a doou à Ordem do Templo. No entanto, o repovoamento cristão de Monsaraz só ia efectivar-se no reinado de Afonso III, quando o monarca lhe concedeu o primeiro foral, fixando os limites do concelho. Nos anos seguintes foi edificado o núcleo primitivo do castelo, incluindo a torre de menagem, a matriz e o tribunal gótico, cujo interior alberga o fresco de O Bom e o Mau Juiz . Ao longo do século XVI, e com a reforma manuelina do foral, a povoação foi crescendo, instituindo-se localmente uma Irmandade da Misericórdia.
Durante as Guerras de Restauração, devido à proximidade de Monsaraz com o Guadiana e a fronteira espanhola, a Coroa mandou edificar uma nova fortaleza em redor da vila, utilizando o sistema franco-holandês, ou de Vauban. O projecto da nova praça de armas foi desenhado pelos engenheiros franceses Nicolau de Langres e Jean Gillot (ESPANCA, 1975), e a edificação foi avançando significativamente, apesar de pontuais faltas de verbas.
Embora a planta do Forte de São Bento tivesse sido desenhada em forma estrelada, a morfologia do terreno onde se implanta levou a algumas alterações da planimetria. Com três baluartes, parapeito e uma cortina artificial, estendia-se em torno de toda a povoação, integrando no pano de muralhas a Ermida de São Bento.
A partir do século XIX, quando a sede de concelho foi transferida para Reguengos de Monsaraz, a fortificação ficou votada ao abandono, o que originou que alguns dos seus elementos ruíssem. No entanto a estrutura muralhada continua a predominar a paisagem urbanística da vila de Monsaraz». In IGESPAR

A palavra Monsaraz pode significar MONTE XAREZ ou MONTE XARAZ, isto é, monte erguido no coração de uma terra nas margens do Guadiana, antigamente povoada por um impenetrável brenhal de estevas (ou xaras) e que, pela excelência de condições estratégicas – posição de altura com cobertura defensiva de um grande e importante rio – recomendava, naquele sítio de difícil acesso, a fundação de um povoado, quase naturalmente defendido.
CMReguengo de Monsaraz/IGESPAR/JDACT

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