quinta-feira, 22 de abril de 2010

Manuel da Fonseca: Um dos representantes do neo-realismo português

Cortesia de centrodeartesdesines
(1911-1993)
Manuel Lopes Fonseca,  foi um  poeta, contista, romancista e cronista português.
Estudou na Escola de Belas-Artes. Existem alguns desenhos e retratos dos companheiros de tertúlias lisboetas. Viajava muito para o seu Alentejo de origem, razão pela qual, o mote dos seus primeiros textos fosse o Alentejo. Anos mais tarde, a partir de «Um Anjo no Trapézio» o espaço das suas obras passa a ser a cidade de Lisboa.
Manuel da Fonseca fez parte do grupo do Novo Cancioneiro, sendo considerado como um dos melhores escritores do neo-realismo português.
«A obra de Manuel da Fonseca "acaba por realizar (...) o destino interventivo que desejou. De tal modo que não é possível estudá-la hoje à margem da mitologia revolucionária de que se alimentou, por longas décadas, a resistência ao regime, mitologia para a qual, afinal, contribuiu decisivamente. De certo modo poderíamos mesmo dizer que a sua obra coloca, como nenhuma outra, a questão da mitologia neo-realista - assim como a do neo-realismo enquanto mitologia». In Osvaldo Silvestre, 1996
Nas suas obras, carregadas de intervenção social e política, relata, como poucos, a vida dura do Alentejo e dos alentejanos.Quando era presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores, esta atribuiu o Grande Prémio da Novelística a José Luandino Vieira pela obra Luuanda, levando, posteriormente, ao encerramento desta instituição.
Destacam-se na sua obra: «Rosa dos Ventos», poesia, 1940; «Planície»,  poesia, 1941; «Aldeia Nova», contos, 1942; «Cerro-Maior», romance, 1943; «O Fogo e as Cinzas», contos, 1951; «Seara de Vento», romance, 1958; «Poemas Completos» 1958; «Um Anjo no Trapézio», contos,1968; «Antologia de Fialho d´Almeida», 1984. Trata-se de uma obra essencialmente virada para o espaço físico e humano do Alentejo.
«As personagens dos contos de Manuel da Fonseca são elaboradas, estruturadas, dificilmente surpreendem dentro do imprevisto. As personagens adquirem uma personalidade psicológica que evoluí conforme o meio social em que se encontra, mantendo sempre uma estrutura equilibrada, de onde a razão vai de encontro ao que esperamos da vida, do quotidiano, seja ele vivido no campo ou na cidade. Cada personagem ficcional de Manuel da Fonseca parece a reunião de três indivíduos reais, ou seja, o autor transporta para a ficção duas ou três personalidades reais, fazendo assim, um trabalho de elaboração, onde a história contada tende a um clímax esperado». In virtualiaomanifesto. Em íntima relação com sua produção literária, Manuel da Fonseca desenvolveu uma intensa militância social, política e cultural.
Morre aoa 81 anos de idade.
Antes que Seja Tarde
Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
Manuel da Fonseca, in «Poemas Dispersos»
Biblos-Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua portuguesa/JDACT

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