quarta-feira, 31 de março de 2010

Ópera no São Carlos: Niobe, Rainha de Tebas


Teatro Nacional São Carlos, Alfredo Rocha 
Ópera barroca «Niobe, Rainha de Tebas» de Agostino Steffani (1654-1728), numa co-produção entre o Teatro Nacional São Carlos e o Festival de Schwetzingen. Este é um Dramma per Musica em três actos com libreto de Luigi Orlandi baseado em Metamorfoses de Ovídio. Niobe teve a sua estreia absoluta em 1688 em Munique (Hoftheater), na Alemanha.
Agostino Steffani
Destaque para Alexandra Coku como Niobe e Sebastien Rouland na direcção musical da ópera. Lukas Hemleb assina a encenação que conta com a participação do cantor polaco Jacek Laszczkowski, do francês Pascal Bertin e do suíço Peter Kennel
Esta ópera será antecedida por um preâmbulo contemporâneo, numa nova produção em estreia cénica mundial: Hybris, um drama para vozes da compositora romena Adriana Hölszky, com libreto de Yona Kim. Jörg Ritter assume a direcção musical desta obra contemporânea que conta com a participação do Coro do Teatro Nacional de São Carlos e dos cantores Maria João Sousa, Yosemeh Adej, Olesya Nagieva, João Oliveira, Michael Hofmeister e Thomas Lichtenecker.
Trinta minutos antes do início do espectáculo, o jovem compositor Sérgio Azevedo vai dar continuidade ao projecto «Breves Palavras» partilhando com o público uma perspectiva pessoal sobre o autor da ópera Agostino Steffani (1654-1728).

Níobe é uma personagem da Mitologia Grega, filha de Tântalo e esposa de Anfião, rei de Tebas. Diz a mitologia que por ser muito fértil, teve catorze filhos (sete homens e sete mulheres), que ficaram conhecidos como "nióbidas". Um dia o povo de Tebas reuniu-se para render tributo à deusa Leto, mãe de Apolo e Ártemis. Níobe não entendia porque é que o seu povo insistia em render homenagem à deusa e apareceu no meio das festividades a insultar Latona, por ter tido apenas dois filhos. Dirigindo-se à multidão disse:

«Que loucura é esta? Preferis seres que nunca vistes àqueles que tendes diante dos olhos?! Porquê um culto a Latona? Porque não um culto à vossa rainha? [...] Se eu perdesse alguns de meus filhos, dificilmente ficaria tão pobre como Latona, apenas com dois. Suspendei esta solenidade...tirai o louro de vossas frontes...Não prossigais este culto
E o povo obedeceu. Latona indignou-se com a audácia da mortal, e exigiu vingança junto dos seus filhos. Então, Apolo e Ártemis mataram todos os sete filhos de Níobe com os seus arcos e flechas. Níobe chorou a morte dos filhos com as irmãs e exclamou:
«Cruel Latona! Sacia todo o teu ódio na minha angústia! Que o teu duro coração se regozije, enquanto levo para o túmulo os meus sete filhos. Mas onde está o teu triunfo? Despojada como estou, ainda assim sou mais rica que tu, que me venceste».
Mal acabou de dizer estas palavras, caíram novas flechas, matando todas as filhas de Níobe, deixando apenas a mais nova. A mãe desesperada implorou:
«Poupai-me esta, a mais nova! Poupai-me uma, entre tantas
O desespero tomou conta do palácio real de Tebas e Anfião matou-se de desgosto. E Níobe, demasiado infeliz para fazer o que quer que fosse, sentou-se e chorou dia após dia até que o seu corpo se transformou numa pedra. Mas mesmo essa pedra chorava a morte dos filhos.
Ainda hoje pode ser vista algures nas montanhas da Grécia um curso de lágrimas correndo infinitamente da sua face.
Escape by Expresso/Teatro Nacional de São Carlos/JDACT

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