sexta-feira, 12 de março de 2010

José Régio: O Poeta e o Antiquário

José Régio (Vila do Conde, 1901-1969) romancista, dramaturgo, ensaísta, crítico mas, foi como poeta que se notabilizou. Fundou a revista Presença com João Gaspar Soares e Branquinho da Fonseca, sendo o seu principal animador e ideólogo. Escreveu em vários jornais.
Em 1928 foi leccionar para a cidade de Portalegre, onde permaneceu até ao ano de 1966. 
José Régio teve durante a sua vida uma participação activa na vida pública, mantendo-se fiel aos seus ideais socialistas, apesar do regime autoritário de então. Como escritor, José Régio, dedicou-se ao ensaio, à poesia, ao texto dramático e à prosa, reflectindo durante toda a sua obra problemas relativos ao conflito entre Deus e o Homem, o indivíduo e a sociedade. Usou um tom psicologista e misticista, analisando a problemática da solidão e das relações humanas, ao mesmo tempo que levava a cabo uma auto-análise.

José Régio é considerado um dos grandes vultos da moderna literatura portuguesa e recebeu inúmeros prémios ao longo da sus vida de poeta. Hoje em dia, as suas casas em Vila do Conde e em Portalegre são casas-museu. A Casa-Museu em Portalegre foi instalada naquela que foi a sua habitação durante 34 anos. Inicialmente pensão (penso, com o nome de Pensão 21), começou por ter um quarto, mas foi alugando mais quartos, para albergar as peças da sua colecção, até que se transformou num hóspede único. O escritor afirmava que o coleccionismo nasceu por influência do seu avô. Esse gosto desenvolveu-se e ampliou-se no Alentejo, uma região bastante abundante em artesanato e antiguidades. José Régio tinha fascínio por antiguidades.

As colecções existentes nesta Casa-Museu consistem em obras de escultura e de faiança, também numismática e medalhística, registos, trabalhos pastoris e ferros forjados. De entre estas colecções, destacam-se: Cristos, Santos Antónios, barros de Portalegre e peças de mobiliário rústico. Os barros de Portalegre revelam o seu poder e a sua expressão, através das suas formas poderosas. O seu ar gracioso e as suas cores intensas são necessários à intensidade sensitiva do homem que vive em contacto com a natureza.

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava,
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
P'ra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...

CM de Portalegre/JDACT

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