sexta-feira, 12 de março de 2010

Camilo Pessanha (Coimbra, 1867-Macau, 1926) foi um poeta português, expoente máximo do Simbolismo. Tirou o curso de Direito em Coimbra. Em 1894, transferiu-se para Macau, onde durante três anos foi professor, deixando de leccionar por ter sido nomeado Conservador do Registro Predial em Macau e depois Juiz de Comarca. Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro eram aprecidores da poesia de Pessanha.
Publicou poemas em várias revistas e jornais. O livro Clepsidra foi publicado em 1920 por Ana Castro Osório, a partir de autógrafos e recortes de jornais. Graças a essa iniciativa, os versos de Pessanha ficaram para a posteridade.  Apesar da pequena dimensão da sua obra, é considerado um dos poetas mais importantes da língua portuguesa. 

Nasce a aproximação do verso à música, porque a poesia é essencialmente som e ritmo em que se reflecte e revela a harmonia cósmica. A métrica adquire uma elasticidade até então desconhecida na medida de ritmo do verso, na posição das pausas e dos acentos e até no número de sílabas. É neste quadro histórico-cultural que se situa a figura de Camilo Pessanha, o único verdadeiro simbolista da literatura portuguesa e, em absoluto, um dos maiores intérpretes do Simbolismo europeu. A estatura europeia de Pessanha e a importância da sua experiência literária têm origem, em primeiro lugar, na brilhante individualidade do seu estilo poético que exalta as virtualidades da língua, extraindo das palavras um poder de evocação, sugestão e alusão desconhecido em outros escritores.  Camilo Pessanha teve uma vida inteira de abandono, desistência e amargura que estão reflectidos nos seus versos mais marcantes.
Violoncelo (Clepsidra)
Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...
De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.
Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas, (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...
Trêmulos astros,
Soidões lacustres...
Lemes e mastros...
E os alabastros.

Dos balaústres!
Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.
Bárbara Spaggiani/O simbolismo na obra de Camilo Pessanha/JDACT

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